Depois de cobranças extras em consultas médicas, planos de saúde ajudam as máfias do bisturi

Sem limites – A semana se despede com alguns assuntos políticos importantes. Depois da vulnerabilidade do Palácio do Planalto, que por temer a oposição e o PMDB preferiu adiar a votação do texto do novo Código Florestal Brasileiro, a decisão do governo da presidente Dilma Rousseff de enfrentar os médicos que atendem os planos de saúde merece destaque.

Insatisfeitos com os valores recebidos por consultas e procedimentos cirúrgicos, os médicos dos convênios, que recentemente patrocinaram uma paralisação, vinham cobrando taxas extras dos conveniados, como forma de compensar os baixos valores pagos pelos planos de saúde. Por sua vez, os representantes dos planos e dirigentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar alegam que as tabelas sofreram aumentos acima da inflação. Discurso que pouco colabora na busca de uma solução de consenso. Enquanto isso, os clientes dos planos de saúde lutam para conseguir atendimento.

As autoridades agem corretamente ao coibir abusos dessa natureza, mas no país do jeitinho tudo é possível quando o dinheiro está no topo do cardápio do cotidiano. Para melhorar o fluxo de caixa, muitos médicos forçam o retorno dos pacientes aos consultórios, o que permite o recebimento de um valor maior do que é pago normalmente. Contudo, segundo apurou o ucho.info, essa prática já chegou ao campo das cirurgias. Em alguns hospitais da capital paulista, alguns médicos formam verdadeiras quadrilhas do bisturi.

O esquema começa com a detecção da necessidade de cirurgia em função de alguma patologia. Agendado o procedimento cirúrgico, outros profissionais da medicina são acionados pro colegas de profissão para intervenções que acabam não acontecendo, mas servem para engordar os honorários dos médicos, que ou embolsam o valor arrecadado irregularmente ou dividem com os parceiros o produto do crime. No caso de não dividir, quem comandou a operação fica com a obrigação da contrapartida em outras ocasiões. Resumindo, o paciente é submetido a cirurgias desnecessárias, muitas das quais são meras encenações.

Esse tipo de procedimento abusivo, que tem crescido silenciosamente em importantes hospitais da cidade de São Paulo, tornou-se prática comum e é confirmado por profissionais que trabalham em setores administrativos da saúde privada. Tudo porque o vil metal vale muito mais do que a dignidade humana e a consciência tranquila.