Comissão de Ética desiste de investigar Palocci, mas histórico de escândalos do ministro é assustador

Vergonha zero – A leve (sic) pneumonia de Dilma Rousseff – assim foi o diagnóstico dos médicos que a atenderam em São Paulo – impediu-a de viajar ao Paraguai no último final de semana, mas certamente não lhe roubou a voz a ponto de a presidente não se manifestar sobre o escândalo envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, o também petista Antonio Palocci Filho. Acusado de multiplicar por vinte o seu patrimônio em escassos quatro anos, Palocci não será investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, de acordo com Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF e presidente do órgão.

Durante a recente campanha presidencial, em 2010, um grupo de alarifes que se encarregou do serviço sujo da campanha da agora presidente Dilma Rousseff se dedicou a fustigar a vida do tucano José Serra, adversário da neopetista, que viu o sigilo fiscal de sua filha, genro e alguns correligionários ser devassado para atender a sanha do partido que tenta emplacar no Brasil uma ditadura civil.

Por ocasião do dossiê contra a empresária Verônica Serra, filha de José Serra, foi um requentar mambembe de matéria divulgada pelo ucho.info na campanha de 2002. Os petistas insistiram no fato de que no passado a filha do ex-presidenciável tucano foi sócia da irmã do banqueiro oportunista DD – a Justiça nos impede de citar seu nome – em uma empresa com sede em Miami.

Quando de forma estridente liderava a oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso, o PT não deixou passar em brancas nuvens qualquer transgressão cometida pelo tucanato, que foi obrigado a conviver com ameaças políticas e sindicais de toda ordem. O mais recente escândalo petista envolvendo Antonio Palocci Filho não é novidade no currículo do chefe da Casa Civil.

Apenas para recordar, em 2006 o delegado Benedito Antônio Valencise, da Polícia Civil de Ribeirão Preto, decidiu investigar o patrimônio do ministro, de seus familiares e de dez pessoas envolvidas em supostos crimes contra os cofres públicos do município do interior paulista, cometidos durante a gestão de Palocci Filho e de seu sucessor, Gilberto Maggioni, entre o período de 2001 e 2004. No rastro da vitória de Luiz Inácio da Silva, em 2002, Palocci deixou a prefeitura de Ribeirão Preto para assumir o Ministério da Fazenda.

Valencise, que comandou o inquérito sobre irregularidades no serviço de limpeza pública na gestão petista em Ribeirão Preto, calcula que mais de R$ 30 milhões foram desviados da prefeitura em quatro anos, dinheiro que teria saído criminosamente dos cofres municipais por meio de fraudulentos contratos de varrição de ruas.

Como se não bastasse, em março de 2006 Antonio Palocci foi alvo de nova polêmica. Desta vez, o Ministério Público requereu à Justiça a anulação de concurso público realizado pela prefeitura de Ribeirão Preto, em 2001, no qual a mulher de Antonio Palocci, a sanitarista Margareth Rose Silva Palocci, passou em primeiro lugar. Em fevereiro de 2003, Margareth foi contemplada com a nomeação para o cargo de assessora da presidência da Fundação Nacional de Saúde, com salário de R$ 4,85 mil.

O MP suspeitava da irregularidade do concurso, pois a empresa que preparou as provas seria fantasma. A investigação teve início a partir de denúncia do vereador Nicanor Lopes (PSDB). A empresa, com sede em Itu, histórica cidade do interior de São Paulo, fez um concurso em Itanhaém, no litoral sul, que acabou anulado.

Ademais, Antonio Palocci esteve envolvido no caso da violação do sigilo bancário de Francenildo Costa, o caseiro Nildo, que teve sua conta na Caixa Econômica Federal devassada por ordem do então presidente da instituição financeira, Jorge Mattoso, homem de confiança da companheira Marta Suplicy. Nildo acusou Palocci de frequentar assiduamente a “República de Ribeirão”, nome dado a uma mansão no Lago Sul, em Brasília, onde o ministro e seus comparsas se reuniam para, à sombra do tráfico de influência, tratar de negócios escusos e promover encontros com prostitutas.

Apenas para recordar, durante a era FHC os gazeteiros petistas se referiam ao então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, como engavetador-geral, como se somente à esquerda coubesse o direito de se envolver em escândalos sem prestar à sociedade as devidas e necessárias explicações. Como disse certa vez aquele conhecido e ébrio filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.