Reunião palaciana sobre a Copa, com governadores e prefeitos, foi um show de incompetência

Só lamúrias – Convocada pela presidente Dilma Rousseff, a reunião com prefeitos e governadores envolvidos com a Copa de 2014 transformou-se em um muro de lamentações. Tudo porque na maioria das cidades-sede as obras estão muito atrasadas.

Em Curitiba, das quatorze obras previstas, nove estão em fase de contratação ou elaboração de projeto executivo. Dessas, cinco não têm nem mesmo o projeto. A capital dos paranaenses receberá jogos da Copa na Arena da Baixada, inaugurada em 1999. Para atender as exigências da FIFA, o estádio do Atlético Paranaense passará por obras de ampliação e adequação. Do orçamento inicial, estimado em R$ 220 milhões, ainda faltam R$ 132 milhões.

Em Salvador, o maior problema está no sistema de transportes. A prefeitura da capital baiana insiste em adotar o modelo conhecido como BRT, mas o governo estadual aposta suas fichas no metrô. Outra questão que preocupa é que o Ministério das Cidades decidirá no próximo dia 20 de junho as propostas existentes, sendo que a vencedora receberá verbas do PAC da Mobilidade Urbana, mas dependerá também de investimentos da iniciativa privada. Em relação ao Estádio da Fonte Nova, já demolido, o Tribunal de Contas do Estado recomendou a interrupção das obras, pois o investimento, que será misto (público e privado), receberá dinheiro do BNDES. Acontece que até agora não foi definido a participação de cada uma das partes.

Em Cuiabá a situação é mais preocupante. A prefeitura da capital mato-grossense comunicou que não tem recursos e condições para arcar com as reformas necessárias, como mobilidade urbana, construção de estádio e de um centro de treinamento. Por conta do impasse, o governo estadual assumiu a responsabilidade.

Em Brasília, o plano arquitetônico da cidade pode minimizar os problemas, mas a viagem do governador Agnelo Queiroz (PT) à França, Espanha e Inglaterra para buscar informações para as obras da Copa pouco ajudou. O Estádio Mané Garrincha já deveria estar demolido para dar lugar a uma nova praça esportiva, mas a tentativa de implosão, semanas atrás, fracassou. E o velho estádio está sendo demolido no método antigo. Ou seja, na marreta. O governo do Distrito Federal pretende construir um estádio com capacidade para 75 mil pessoas, o que credencia a capital dos brasileiros a sediar o jogo de abertura da competição, que por enquanto está prometido para São Paulo.

Em Manaus, o atraso nas obras passa por uma briga política local. O governador do Amazonas, Omar Aziz, que se elegeu com as bênçãos do ex-governador Eduardo Braga (PMDB), acabou se aliando ao prefeito da capital, Amazonino Mendes. A cidade carece de investimentos no setor de transportes, mas por enquanto nada foi feito para solucionar o problema. A reforma do Estádio Vivaldão está orçada em R$ 30 milhões, sendo que o BNDES já liberou R$ 8 milhões.

A capital brasileira com as obras mais adiantadas é Belo Horizonte. O Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, está com a reforma dentro do cronograma, mas a preocupação recai sobre o aeroporto de Confins, que mesmo com as obras de ampliação e adequação não atenderá a demanda.