Rastro de palha – Depois de dizer que o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello era um fato menor na História e que não deveria ter acontecido, o presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), faz mais uma afirmação equivocada. “Acho que não podemos fazer WikiLeaks [site que divulgou uma série de informações sigilosas do governo dos Estados Unidos e de outros países] da história do Brasil, da constituição de nossas fronteiras”, afirmou o maranhense que se elegeu senador pelo Amapá.
A questão do sigilo dos documentos oficiais por tempo indeterminado ganhou força com a divisão dentro do próprio governo. Há uma semana, a presidente Dilma Rousseff defendeu a abertura dos arquivos públicos, mas no final da semana a neopetista voltou atrás, talvez por pressão de aliados que não têm interesse na publicidade dos registros oficiais.
Na segunda-feira (13), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), requereu a retirada da tramitação em regime de urgência do projeto de Lei Geral de Direito à Informação, o que dá mais tempo para a análise do Congresso Nacional. É um novo atalho para que as forças que se apossaram da República manobrem para que a História do Brasil fique mais pobre.
Nesta terça-feira (14), Sarney voltou à carga sobre o assunto, alegando, em tom de reclamação, que foi mal interpretado nas declarações que deu no dia anterior. O presidente do Congresso ressaltou que quando usou o termo “abertura de feridas” referiu-se à possibilidade de que, a partir da divulgação de documentos históricos da delimitação das fronteiras, fossem criados problemas já superados com países como a Bolívia e o Peru, por exemplo.
Quanto aos documentos que dizem respeito à documentação que não trata desses assuntos, José Sarney foi enfático: “O resto pode abrir, acho que deva abrir. Na parte do meu governo está tudo aberto. Quem for à minha fundação, no Maranhão, vai ver que tem mais de quatrocentos e tantos mil documentos, e eu não tenho o menor interesse de esconder nada,” informou a “Agência Brasil”.