Pagura azedo – Bolo azedo para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recebeu por tabela de presente de grego na comemoração dos seus 80 anos. Um escândalo no setor de Saúde do governo de São Paulo acabou com a exoneração do secretário de Esporte, Lazer e Juventude, Jorge Roberto Pagura.
Uma nota distribuída à imprensa, com data de sexta-feira (17), dava conta da saída de Pagura. Em “caráter voluntário, com o objetivo de facilitar o esclarecimento dos fatos investigados pelo Ministério Público e pela Corregedoria Geral da Administração”. Como justificativa para a exoneração, a nota não contava tudo.
As informações de que Pagura tem envolvimento em fraudes ocorridas no hospital estadual localizado na cidade de Sorocaba foram o ápice de uma crise que macula o governo tucano de São Paulo. Geraldo Alckmin concordou com o pedido de demissão de Pagura, no qual o governador de São Paulo depositava a maior confiança. Há uma testemunha que afirma, categoricamente, que Pagura fazia parte do esquema de fraudes.
O badalado neurocirurgião Pagura é lotado em Sorocaba, no interior de São Paulo, e apareceu como suspeito em investigação do Ministério Público e da polícia estadual sobre fraudes na saúde da cidade localizada a 99 km da capital paulista. Ao longo do monitoramento realizado com autorização judicial, entre outubro de 2008 e dezembro de 2010, um ex-diretor-geral do Hospital, alvo da operação, recebera (em 10 de dezembro) um telefonema de Pagura, momento em que ainda não estava sob investigação da polícia.
O diretor convenceu Pagura a assinar o ponto de frequência em outro hospital. Pagura aceita a proposta, apesar de manifestar preocupação com o ato ilegal. Por incrível que pareça, Pagura aceitou a falcatrua e um mês depois viria a assumir a Secretaria de Esporte de São Paulo.
Na última quinta-feira (16), uma operação prendeu doze pessoas suspeitas de desviar recursos públicos da área de saúde e fraudarem licitações do Hospital de Sorocaba. Médicos suspeitos, que recebiam salários e não realizavam plantões naquele hospital, foram pilhados pela operação. Os plantões, na verdade, eram feitos em dez hospitais de São Paulo e Itapevi, na Grande São Paulo. Os valores percebidos pelos médicos chegavam a R$ 15 mil sem trabalhar.
De acordo com a Promotoria do Estado de São Paulo, o desvio, em três anos, atinge a casa de R$ 1,8 milhão. A orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tocou especialmente o “Parabéns a você” para Fernando Henrique Cardoso, mas, no íntimo, o ex-presidente da República não deve ter gostado nada, nada, do presente em forma de bolo azedo, produzido no seio do ninho tucano paulista.