Dilma finge que aceita o fim do sigilo nas obras da Copa, mas quer mistério em todas as contratações

Dupla face – Circula na imprensa nacional a informação de que a presidente Dilma Rousseff mudou de ideia e passou a aceitar a não aplicação de sigilo aos orçamentos das obras para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o chamado Regime Diferenciado de Contratações, mas trata-se de uma inverdade esculpida a cinzel sobre as escrivaninhas do Palácio do Planalto. A estratégia palaciana ecoou no Senado Federal, que deve votar a matéria em breve, e levou o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP) a mudar o discurso.

Sarney, que até dias atrás defendia a derrubada do sigilo para as obras da Copa de das Olimpíadas, agora anuncia que é preciso manter o sigilo, que, segundo o projeto do governo, durará até a escolha da empresa que executará a tarefa. Fora isso, o presidente do Senado destaca que o Tribunal de Contas da União, órgão que assessora o parlamento no controle das contas do governo federal, terá acesso a todos as informações durante o processo de licitação e contratação.

Esse jogo dúbio a que se prestam o Palácio do Planalto e o Senado não passa de missa encomenda, e muito bem treinada, pois o desejo da presidente Dilma Rousseff é estender o Regime Diferenciado de Contratações a todos os contratos que envolvem o governo federal, regidos pela Lei nº 8.666. Tanto é assim, que o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), recebeu de Dilma, na segunda-feira (27), a incumbência de discutir com os congressistas uma maneira de alterar a Lei 8.666. Uma das possibilidades aventadas durante a reunião política comandada por Dilma é a inclusão de mudanças no projeto já aprovado na Câmara e que desde junho de 2009 dormita no Senado à espera de votação.

Caso prevaleça a vontade bisonha de Dilma Rousseff, o que não é impossível por causa da obediência interesseira da base aliada, o pontapé inicial para a farra em contratações será dado em questões de semanas. E o brasileiro que se prepare, pois em algum momento essa manobra criminosa aparecerá no bolso de cada um dos contribuintes.