Receita cubana – A repentina aparição do coronel-presidente Hugo Rafael Chávez Frías, ou simplesmente Hugo Chávez, no balcão do Palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, causou surpresa, mas era algo previsto.
Depois de uma temporada de mais de um mês em Cuba, onde se submeteu a duas cirurgias para a retirada de um tumor na região pélvica, Hugo Chávez, sob a orientação do ditador Fidel Castro, voltou a Caracas para evitar um golpe oposicionista, pois o descontentamento popular cresce de forma assustadora na Venezuela, enquanto seguidas rebeliões em presídios causam preocupações às autoridades locais.
Chávez, que agradeceu o apoio do povo da Venezuela, por certo não permanecerá muito tempo no poder. “Começou o retorno. Meu agradecimento pessoal a tanto apoio e manifestações de amor. O amor é o melhor remédio para qualquer doença. Obrigado a este banho de amor tão especial, não só aqui na Venezuela, mas em todos os lugares do mundo”, disse o tiranete latino-americano, que bebe na fonte da ditadura cubana.
O plano de Hugo Chávez, que terá de enfrentar novas incursões médicas para debelar o câncer, pode culminar com a transferência oficiosa do poder ao seu irmão mais velho, Adán, governador do estado de Barinas. A possibilidade de essa manobra emplacar ficou clara na fala do presidente venezuelano, que aos seus seguidores falou sobre a doença. “Que ninguém pense que minha presença aqui, neste 4 de julho, significa que vencemos a batalha. Começamos a vencer o mal que se instalou em meu corpo, mas temos de seguir um estrito controle médico. Juro que ganharemos esta batalha. Viveremos e venceremos”, declarou Hugo Chávez.
O tratamento a que se submeteu o presidente da Venezuela pode ser realizado em vários países, a começar pelo Brasil, onde a medicina é tão avançada quanto em Cuba e os hospitais dispõem de equipamentos de última geração. Tanto é assim, que o presidente do Paraguai, o ex-padre Fernando Lugo, acometido por câncer linfático, foi aconselhado por Luiz Inácio da Silva a se tratar no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Na verdade, Chávez foi a Havana para tomar a benção de seu mentor político, com quem teve lições sobre como estender o golpe com a transferência do poder ao irmão, repetindo o que fez o tirano Fidel Castro, que transferiu o comando de Cuba ao sanguinário e truculento Raúl Castro. Que ninguém pense que Hugo Chávez entregará a presidência da Venezuela ao vice, Elías Jaua, sem ter que por perto alguém da sua extrema confiança. (Foto: Artiana Cubillos – AP)