Tiro no pé – Engana-se quem pensa que a presidente Dilma Rousseff se livrou de um problema e decretou o fim da mais nova crise política do governo com a saída de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes. Senador eleito pelo capítulo amazonense do Partido da República, com mandato que expira em fevereiro de 2015, Nascimento retorna à Câmara Alta na próxima semana, mas antes disso reassume a presidência nacional do PR, até então sob o comando do deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), o “Boy”.
Considerando que o Ministério dos Transportes é a forma que o Palácio do Planalto encontrou, desde a era Lula, para “pagar” o apoio do PR ao governo petista, a indicação do novo titular da pasta dependerá de um aval da executiva nacional da legenda. Ou seja, Alfredo Nascimento, que deixou o ministério debaixo de uma saraivada de acusações de superfaturamento de obras e cobrança de propinas, discutirá com Dilma o nome do seu sucessor.
Muito antes da demissão de Alfredo Nascimento, que aconteceu às 16h40 desta quarta-feira (6), Dilma Rousseff não apenas declarou apoio ao ministro, como deu a ele a incumbência de criar uma comissão interna para investigar as denúncias, assunto que afetaria o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha.
A degola deflagrada pelo Palácio do Planalto tinha como objetivo tirar de cena o deputado Valdemar Costa Neto, que respondia interinamente pela presidência nacional do PR e responsável pela indicação de Mauro Barbosa para a chefia do gabinete do ministro dos Transportes. Há a suspeita de que o esquema de cobrança de propina em todos os contratos do Ministério dos Transportes passava obrigatoriamente pelas mãos de Barbosa.
A presidente Dilma Rousseff escolheu Paulo Sérgio Passos, mas depende da aprovação da cúpula do PR, a quem convencer ainda na noite desta quarta-feira. O detalhe que causa maior preocupação nos palacianos é que o PR cobrará o direito (sic) de indicar o segundo escalão da pasta, como a direção do Dnit e da Valec, cobiçadas por vários partidos da base aliada, a começar pelo PMDB e PT.