Recusa de Blairo Maggi leva Dilma a um impasse em relação ao Ministério dos Transportes

Dúvida cruel – Ainda sem ter mostrado a que veio, a presidente Dilma Vana Rousseff continua batendo cabeça para encontrar uma forma política de consenso para governar o País. Administrando crises desde que chegou ao poder central, Dilma agora enfrenta os desdobramentos do escândalo que apeou do Ministério dos Transportes o amazonense Alfredo Nascimento, que reassumiu o mandato de senador, e toda a cúpula da pasta.

Eleita em 2010 por conta de aliança partidária que resultou em mais um loteamento político da máquina federal, Dilma aguarda a indicação de um nome do Partido da República para assumir o Ministério dos Transportes, que desde a semana passada está sob o comando interino de Paulo Sérgio Passos. Convidado para substituir Alfredo Nascimento, o ex-governador do Mato Grosso, senador Blairo Maggi (PR), recusou a oferta sob a alegação de que suas empresas têm contrato com o governo federal. Maior produtor de soja do planeta, Maggi é dono de uma empresa de navegação fluvial que transporta soja do Centro-Oeste brasileiro até o porto de São Luís, no Maranhão, o que provocaria um conflito de interesses se ele assumisse a pasta.

O Partido da República já anunciou que não tem outro nome para indicar, mas discorda da efetivação de Paulo Sérgio Passos no cargo. Essa decisão complica ainda mais o dilema que ronda a presidente Dilma Rousseff, pois sem o apoio do PR os projetos de interesse do Palácio do Planalto passam a correr sérios riscos no Congresso Nacional. Até porque, já há quem aposte na migração do PR para a oposição. E a dificuldade torna-se maior porque Dilma, no começo da crise, endossou, a pedido de Luiz Inácio da Silva, o ex-ministro Alfredo Nascimento.

Pressionada pelo staff palaciano, Dilma está propensa a efetivar Paulo Sérgio Passos e adotar o mesmo modus operandi nos ministérios do Turismo e das Cidades, controlados pelo PMDB e pelo Partido Progressista, respectivamente. Por enquanto a decisão está no campo das ameaças, mas, se confirmada, provocará uma reviravolta na base de apoio ao Palácio do Planalto. Essa eventual intifada poderá contar com a participação discreta de Luiz Inácio da Silva, que não gostou do discurso da sucessora, que há dias falou pela primeira vez em reeleição. Como se sabe, Lula é sério e forte candidato ao Planalto em 2014. E por causa disso o fogo amigo pode voltar à cena muito antes do que os petistas imaginam.