Ex-governador do Piauí rasga o discurso petista do passado, culpa a imprensa e defende chefão do DNIT

Curto circuito – Como era de se esperar, a base aliada do governo federal no Senado compareceu em peso à audiência em que o ex-diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, tentou justificar, na manhã desta terça-feira (12), as recentes acusações de superfaturamento e cobrança de propina nas obras do órgão e do Ministério dos Transportes. Pagot, que mudou o tom ameaçador do discurso proferido na última semana, quando prometeu revelar o esquema de superfaturamento, com direito a nomes e outros quetais, negou todas as acusações e abusou das explicações técnicas, como forma de dar um viés enfadonho à audiência.

Entre os que saíram em defesa de Luiz Antônio Pagot estava o ex-governador do Piauí, senador Wellington Dias (PT), que rasgou entusiasmados elogios ao ex-diretor do DNIT, que a qualquer momento pode voltar ao cargo, caso as investigações não encontrem qualquer indício de sua participação no escândalo. Ao falar das diversas acusações veiculadas pela imprensa nos últimos dias, Wellington Dias, na tentativa de esvaziar o mais recente escândalo de corrupção do governo de Dilma Rousseff, disse que “basta uma denúncia para ser classificada como condenação”.

Erram enormemente aqueles que, como sempre, tentam transferir à imprensa a culpa pelos desmandos oriundos de um governo totalitarista e que é refém de corruptos conhecidos. O senador piauiense pode até discursar em favor de Pagot, até porque há no Palácio do Planalto um temor de que a verdade seja revelada, mas é preciso voltar no tempo – e nos anais do Congresso Nacional, também – para resgatar o discurso do deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, o Pedro Caroço, que por ocasião do processo de cassação do falecido Ricardo Fiúza (PFL-PE), acusado de integrar o grupo que ficou conhecido como “Os Anões do Orçamento”, disse que a retirada de um mandato dependia apenas de evidências, não de provas. Esse confronto de ideias desconexas mostra que aquilo que vale para os adversários do PT, não vale para os aliados.

É sabido que o PT deve ser analisado antes e depois da chegada de Luiz Inácio da Silva ao poder central, mas é importante para qualquer ser humano, político ou não, a manutenção da própria coerência, até mesmo como forma de subsistência, pois do contrário qualquer de seus atos será facilmente contestado. Ou os petistas combinam o discurso, algo que eles têm uma enorme dificuldade para fazer, ou optam pelo silêncio. Com exceção àqueles que defendem a tese de que o fim justifica os meios.