Roberto Requião insiste, mas ex-diretor do DNIT evita falar sobre pedido bisonho de Paulo Bernardo

Briga de foice – Ex-governador do Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB) aproveitou o depoimento de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do DNIT, para destilar seu veneno político contra um de seus desafetos, o ministro Paulo Bernardo da Silva, das Comunicações. Convocado para explicar aos senadores as denúncias de superfaturamento e cobrança de propinas nos contratos do Ministério dos Transportes, Pagot não soube discorrer sobre a ingerência de Paulo Bernardo nos assuntos da pasta.

Em seu questionamento, Requião revelou que, enquanto governador do Paraná, recebeu Paulo Bernardo na residência oficial e que se surpreendeu com o pleito do então ministro do Planejamento. De acordo com o senador paranaense, Paulo Bernardo, que estava acompanhado de Bernardo Figueiredo, então assessor da Casa Civil e atualmente na diretoria da Agência Nacional de Transporte Terrestre, sugeriu que a iniciativa privada participasse da construção de um trecho ferroviário entre as cidades de Guarapuava e Ipiranga.

Roberto Requião lembrou que a obra, inicialmente orçada em R$ 220 milhões e cujo trecho não interessava ao estado, teve, na proposta de Paulo Bernardo, o preço majorado para R$ 540 milhões, com a contrapartida de isenção fiscal e cobrança de pedágio da empresa vencedora do processo, supostamente a América Latina Logística (ALL). O ex-governador do Paraná quis saber de Luiz Antônio Pagot quais as razões que levam um contrato a sofrer aumento de 145% no preço, sendo que a obra, de responsabilidade do governo federal, não carecia de anuência do Executivo estadual.

Roberto Requião informou a Presidência da República sobre o ocorrido e a obra caiu na vala do esquecimento. Tempos depois, em entrevista a um jornal paranaense, Paulo Bernardo, que sempre litigou politicamente com Requião, disse que o então governador estava impedindo que empresas privadas investissem no estado. À época, Requião usou a “Escola de Governo”, prestação de contas televisada sobre os atos dos primeiro e segundo escalões do governo paranaense, para responder a Paulo Bernardo e explicitar o bisonho pedido do ministro.

Desde então, Paulo Bernardo processa o agora senador Roberto Requião, sob a alegação de crime contra a honra. Na verdade, Requião, a quem este site não tece qualquer tipo de loa, externou sua preocupação com um pedido inusitado. Luiz Antônio Pagot, que poderia ter esclarecido o assunto, preferiu escapar da resposta, alegando que cabe ao ministro responder por seus atos.

Na última semana, Pagot ameaçou revelar o esquema que impera no Ministério dos Transportes, mas seu recuo na manhã desta terça-feira (12) mostra que um acordo com o Palácio do Planalto pode ter modificado o seu discurso.