Ética artística – Até o dia 21 de agosto, a Pinacoteca do Estado de São Paulo recebe a mostra que traz 27 pinturas realizadas em diversas fases da produção de Gerhard Richter (1932, Dresden, Alemanha), começando pelos trabalhos de fotografia-pintura, dos anos 1960, até as pinturas abstratas dos anos 1980 e 1990.
Esta exposição já passou por Curitiba, Salvador e Brasília, tem curadoria do próprio artista e do historiador Götz Adriani, e é uma realização do IFA (Instituto de Relações Culturais com o Exterior, Alemanha) em parceria com o Goethe-Institut.
Gerhard Richter é o artista plástico alemão em atividade mais conhecido da contemporaneidade, considerado um dos responsáveis pelo resgate da pintura no final do século XX, quando muitos a consideravam perdida.
O que a rege é uma ética artística de prática cotidiana, relacionada somente às condições representadas por ela mesma. Richter utiliza motivos variados, estilos e citações da história da arte, porém, seu único e grande tema, em última análise, é a pintura. Suas peças ora são puras, sobre a tela, ora misturadas a fotografias e recortes de jornal. Em alguns casos, como em obras presentes nesta mostra, ele primeiro reproduz a fotografia em pintura, e, depois, volta ao modelo original, fotografando seu trabalho, sem que se percam as características da obra produzida à mão.
A resistência de Richter em se fixar em um estilo, tema ou conteúdo, tem origem em sua própria biografia. Com sua mudança de Dresden, na antiga República Democrática Alemã (RDA) para Düsseldorf, na então Alemanha Ocidental, em 1961, ele não somente muda de ambiente social e político, como entra em outra esfera artística. É nessa fase que Richter troca a tradição de uma pintura do realismo socialista da RDA, por um confronto com a pintura informal tardia e a iniciante PopArt.
Dessa mudança radical permanecem, para sempre, grandes dúvidas quanto às certezas e obrigações nas artes. “Eu não sou seguidor de sistemas, de vertentes ou de intenções. Eu não tenho nenhum programa, nenhum estilo, nenhuma razão especial”, avisou o artista em 1966.
Gerhard Richter compreende a pintura como um ato; uma busca da realidade atual: “O que eu via como a minha grande fraqueza, ou seja, a incapacidade de criar uma imagem, não é de fato uma incapacidade, mas sim, uma instintiva busca de uma verdade mais moderna, que já estamos vivendo”. Com informações da Secretaria de Cultura de São Paulo.