Faxina meia-boca – A tentativa de convocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para esclarecimentos no Congresso já parece fazer água. Mesmo com o recesso em vigor, o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), assinou um requerimento de convocação e pretende levar a cabo a intenção de colocar Passos para responder várias questões. Na última semana do recesso, a oposição promete intensificar o esforço concentrado para reunir a comissão representativa do Congresso a fim de votar o pedido. O deputado tucano quer saber se o ministro Passos “vai usar a vassoura para varrer a si mesmo”.
A entrega da carta de demissão do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, poderá engrossar a lista para a abertura de uma “CPI dos Transportes”, cujo requerimento ainda depende de quatro assinaturas. Mas chamar para o trabalho integrantes da comissão de parlamentares que ficam em esquema de “plantão” poderá ser ainda mais difícil.
Para convocar o ministro é necessário o apoio da terça parte dos 8 senadores e 17 deputados que integram a comissão. Registrado na última terça-feira (19), o requerimento foi recebido com indiferença pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
“O afastamento do ex-ministro e outros 17 integrantes do ministério não pode encerrar o caso. O ministro Paulo Sérgio Passos ficou de fazer a faxina nos Transportes e é preciso saber se ele vai usar a vassoura para varrer a si mesmo”, disse no domingo o deputado tucano Duarte Nogueira, que insistirá com Sarney para convocar Passos. “Há indícios grandes de que as irregularidades não foram sanadas e o ministro não convenceu de que não esteve envolvido”, frisou.
A presidente Dilma Rousseff já afirmou que não poupará ninguém na próxima reestruturação do Ministério dos Transportes, mas há na base aliada quem pague para ver a concretização das tais promessas. No contraponto, o cenário começa a mudar nos bastidores do poder. Mesmo que cumpra o que prometeu, pois só assim será possível tentar salvar um governo marcado por escândalos, a presidente deve experimentar tempos difíceis logo após a retomada dos trabalhos legislativos. Uma intifada protagonizada por parte dos aliados não está fora do script político.