Dilma lança “Brasil sem Miséria” no Nordeste, mas trabalhador brasileiro continua lutando para comer

Conversa trocada – Avessa à ideia de fazer qualquer comentário sobre os escândalos de corrupção que transformaram os primeiros duzentos dias de seu governo em uma crise perene, a presidente Dilma Rousseff só se pronuncia em eventos oficiais, ocasião que nem sempre abre a possibilidade de perguntas por parte dos profissionais da imprensa. Na tarde desta segunda-feira (25), Dilma participou, em Arapiraca, no interior de Alagoas, do lançamento do “Brasil sem Miséria – Nordeste”, programa “com diversas medidas que visam a retirar 9,6 milhões de nordestinos da extrema pobreza”, de acordo com informe enviado ao ucho.info pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.

Deixar de combater a miséria em um país que é considerado como o celeiro do mundo é no mínimo uma irresponsabilidade política. A preocupação de Dilma Rousseff em relação ao tema está inclusive no slogan do seu governo, “País rico é país sem pobreza”.

Dilma age corretamente ao deflagrar um programa para tirar milhões de brasileiros na miséria, mas é preciso que a presidente volte os seus olhos para aqueles que recebem um salário mínimo, que atualmente vale a fortuna de R$ 545. Caso a inflação continue dando provas de resistência, o contingente de miseráveis deve aumentar sobremaneira.

Para provar que a preocupação de Dilma Rousseff é isolada, a reportagem do ucho.info saiu às ruas para mais uma pesquisa de preços. No Ceagesp, maior central de distribuição de hortifrutigranjeiros da América Latina e controlado pelo aliado PMDB, os preços são proibitivos e têm assustado muitos dos brasileiros que acreditaram nas promessas de mudanças aspergidas pelo PT palaciano.

No último sábado (23), uma dúzia de laranja pêra era vendida, em média, a R$ 3,60. Já uma dúzia de banana nanica custava R$ 2,80. O trabalhador comum que ousar comer por dia duas bananas e duas laranjas, o que não sacia a fome, terá de desembolsar ao final de trinta dias a bagatela de R$ 32, o que representa quase 6% do salário mínimo. Contudo, se o espírito desse trabalhador pender para o lado frugal e ele quiser acrescentar à sua dieta um abacaxi por semana, a conta ao final do mês subirá para R$ 47,20, o equivalente a 8,66% do rico salário mínimo. Como disse certa feita um conhecido filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”…