Vara de marmelo – “A única maneira de não sofrer investigações é não cometer erros”. A afirmação é do titular a Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, referindo-se à condução do governo federal em relação às denúncias de irregularidades no âmbito do governo, bem como nos ministérios. Carvalho disse ainda que todos os partidos que detêm cargos no governo também podem ser submetidos à investigação. Atentai bem, todos! Em entrevista após evento realizado no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 28, o secretário da presidente Dilma Rousseff afirmou que no tocante à Esplanada dos Ministérios o recado já está mandado. Gilberto Carvalho dá dicas especiais de como funciona o “bate e assopra” em partidos que abusam das transgressões, colocando a neopetista Dilma Rousseff em saia justa para executar a faxina onde quer que haja denúncias.
“A cada denúncia que aparece, o que a presidenta faz é determinar um processo de investigação, uma vez que ela decidiu que o governo não pode conviver com práticas que firam a ética e o interesse público. Portanto, seja o PMDB, seja o PT, qualquer partido está sujeito à investigação se houver um erro. A única maneira de não sofrer investigação é não cometer erro, não cometer impropriedades. E a gente acha que essa mensagem está muito bem passada para o conjunto da Esplanada”, enfatizou Carvalho.
O secretário-geral fez questão de salientar que a presidente Dilma deposita elevado teor de confiança em seus subalternos. Ele afirmou também que não haverá “caça às bruxas”. “Tem que ficar muito claro para todo mundo. A presidenta Dilma, até que prove em contrário, confia nos seus ministros e confia nos seus assessores e técnicos que servem ao governo. O que acontece é o seguinte: é evidente, como um governo sério, onde houver uma denúncia não haverá contemplação. A denúncia será verificada, mas não haverá pré-julgamento, não haverá caça às bruxas, não haverá precipitação”, disse Carvalho.
PR é “fiel”
No conturbado processo de faxina na maior crise do governo Dilma, no Ministério dos Transportes, o partido com maior participação na pasta, o PR, saiu chamuscado, no mínimo, mas goza de prestígio junto ao secretário-geral da Presidência.
“O nosso diálogo com o PR é maduro e já vem de muito tempo. É um partido fiel na base e acho errado a gente imaginar que um partido, porque teve no seu meio pessoas que cometeram erros, você não pode condenar todo o partido. Outros partidos, inclusive o partido da presidenta, já tiveram problemas. Então, não é por aí. A nossa relação com o PR não vai sofrer abalo por isso. Estamos dialogando com lideranças do PR, que tudo indica, continuam na base. Vamos discutir de maneira madura a relação do governo com o esse partido, feito de gente idônea, que quer o bem do país”, frisou Carvalho.
Gilberto Carvalho destaca que quando há uma nomeação no serviço público é realizado um levantamento da “ficha dessa pessoa”. Imagine, se não houvesse um “pente fino”, em quais servidores a Dilma poderia confiar? Mas o que se vê é muita gente que ganha uma função com máculas na ficha corrida, em certos casos até processuais e suspeitas de atitudes nada republicanas assumindo um lugar na órbita do poder central do País.
“Qualquer servidor público, antes de ser nomeado, passa por um processo de verificação da ficha dessa pessoa. Da mesma forma no Dnit e em qualquer órgão do governo, só vai ser nomeado quem não tiver nenhuma pendência judicial. Mas, mais do que isso, é importante que essa pessoa esteja preparada para essa função”, disse.
Habilidoso negociador político, Gilberto Carvalho reforça a linha de que o governo bateu e agora assopra para não estremecer a relação com o partido aliado. A faxina ainda não removeu o atual ministro dos Transportes, que assumiu (o número dois do ex, Alfredo Nascimento), e pelo andar da carruagem poderá ser mantido. Pode não haver caça às bruxas, principalmente em redutos em que o PMDB controla, com esse partido então não haverá nem “bate e assopra”.