Após a demissão de ministros, Dilma acompanha a rebelião provocada por Eduardo da Fonte no PP

Rastilho de pólvora – Sem descanso desde que chegou ao principal gabinete do Palácio do Palácio do Planalto, por conta de uma crise política quase interminável e sucessivos casos de corrupção, a presidente Dilma Vana Rousseff parece que não terá sossego tão cedo. Debelada a crise que apeou Wagner Rossi do Ministério da Agricultura, a presidente agora acompanha à distância a intifada que agita o Partido Progressista, legenda que integra a chamada base de apoio.

Conhecido por sua amizade com Severino Cavalcanti, que foi defenestrado da presidência da Câmara sob a acusação de receber R$ 30 mil em propina para renovar a concessão de um restaurante que funcionava na Casa, o deputado federal Eduardo da Fonte, de Pernambuco, está sendo responsabilizado pela conspiração silenciosa que tirou o paranaense Nelson Meurer da liderança do PP na Câmara.

Dudu da Fonte, como é conhecido na intimidade o empresário pernambucano, tem amigos próximos no Ministério da Agricultura, cujo secretário-executivo, Frederico da Costa, foi preso na “Operação Voucher”, da Polícia Federal, e renunciou ao cargo de secretário-executivo do Ministério do Turismo na esteira do escândalo de desvio de dinheiro público através de convênios com entidades privadas. Muito estranhamente, por decisão de Dilma Rousseff, o Ministério do Turismo foi entregue ao deputado licenciado Pedro Novais, do PMDB do Maranhão, resultado de negociação que teve a participação direta do senador José Sarney, de quem o ministro é apaniguado.

Segundo vice-presidente da Câmara, Eduardo da Fonte é também o corregedor-geral da Casa legislativa, órgão que teoricamente monitora a moralidade dos atos e do comportamento ético dos parlamentares, até o momento não fez qualquer comentário sobre o seu meeiro de apartamento. O silêncio obsequioso de Dudu da Fonte aguça a curiosidade de muitos deputados, pois o parlamentar pernambucano pode alegar que não sabia das transgressões cometidas no Ministério do Turismo – ou preferiu não saber. A outra hipótese para essa mudez repentina do rebelde progressista é que, envergonhado, o deputado pode ter de explicar por qual razão o faro de um corregedor não foi suficiente para detectar as estripulias de seus amigos na Esplanada dos Ministérios.

De tal modo, o “globetrotter” Dudu da Fonte, que na última eleição protagonizou uma das mais ricas campanhas do PP, assim como o ex-deputado e agora senador Ciro Nogueira (PP-PI), deve redobrar a atenção, ou até mesmo fazer figa, pois o escândalo que agita a Esplanada dos Ministérios pode aguçar a Justiça de Pernambuco, onde o parlamentar-corregedor seria alvo de algumas demandas. O novo líder do PP na Câmara, o paraibano Aguinaldo Ribeiro, também deve estar atento, pois a lama que emana desse imbróglio partidário pode alcançá-lo com facilidade, manchando-lhe a carapaça da probidade.