Líder do PSDB, Alvaro Dias afirma que rastelo da faxina da presidente Dilma Rousseff é “banguela”

Limpeza zero – A faxina do governo federal está mais para um “rastelo banguela”. Essa é opinião do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), depois de mais um final de semana com nomes de ministros envolvidos em denúncias destacadas em revistas semanais. Para ele, a presidente Dilma Rousseff não está com postura pró-ativa para realizar uma faxina. “Ela está muito bem defendendo o Wagner Rossi, até depois da demissão”, respondendo aos parlamentares ditos “independentes” que defendem com unhas e dentes que a presidente está bem em seu papel anticorrupção. Rastelo é uma ferramenta para limpar a sujeira mais grossa ou, então, para puxar o mato arrancado, após a capinar.

“Na verdade não se faz faxina, mantendo todos esses ministros denunciados. Não houve demissão de nenhum ministro por iniciativa da presidente. Eles caíram antes. O Palocci foi sustentado enquanto foi possível sustentar. Até que ele não suportou a pressão e saiu. O Wagner Rossi, da mesma forma. Ele alegou que saiu atendendo um apelo da família. E não da presidente, que ao contrário condenou aqueles que criticaram sem dar direito a presunção da inocência. Isso é fazer faxina? Esse rastelo é banguela. Não varre nada”, argumentou.

As denúncias continuam contra ministros de Dilma. “Nesse final de semana foram quatro ministros alcançados por denúnicias. E não são denúncias irresponsáveis”, disse Alvaro Dias, referindo-se ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo da Silva, e à ministra-chefe Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ao ministro das Cidades, Mário Negromonte, e à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Negromonte negou nesta segunda-feira (22) que tenha agido para interferir nas decisões da bancada do seu partido na Câmara, o PP, afirmando desconhecer supostas ofertas de dinheiro em troca de apoio. Ele foi acusado por alguns deputados do partido de oferecer um “mensalão” de R$ 30 mil a parlamentares na tentativa de manter o controle do PP. Na nota divulgada pelo Ministério das Cidades, negou que tenha usado as dependências do ministério para reuniões partidárias. A denúncia foi publicada na revista Veja.

“Os parlamentares recebidos pelo Ministro Mário Negromonte nas dependências do Ministério das Cidades agendam suas reuniões para tratar de questões afetas ao Ministério. Durante sua gestão, o Ministro já recebeu mais de 200 parlamentares, entre deputados e senadores de diversos partidos”, diz trecho do texto. Ele afirmou também que “não tem se furtado a esclarecer todas as dúvidas que surgem na imprensa, atendendo aos repórteres sempre que necessário, mas lamenta que suas declarações tenham sido publicadas em meio a ilações sem fundamento”. Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, teriam utilizado um jato da empreiteira Sanches Tripoloni durante o segundo semestre de 2010. Gleisi estava em campanha para uma vaga no Senado. A denúncia foi feita no último final de semana pela revista Época.

A empreiteira é responsável pela construção do Contorno Norte, em Maringá. A rodovia é uma das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas segundo a revista já custa o dobro do preço original. A obra contém problemas graves, de acordo com relatório do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo a reportagem, Bernardo e Gleisi usaram o King Air de matrícula PR-AJT, pertencente ao empresário Paulo Francisco Tripoloni, dono da construtora Sanches Tripoloni, para deslocamento.

O Ministro das Comunicações esquivou-se de responder perguntas sobre o tema. Ele divulgou nota oficial, nesta segunda-feira (22). A chefe da Casa Civil afirmou que “durante minha campanha eleitoral ao Senado, utilizei para deslocamentos avião fretado, com contrato de aluguel firmado.” Segundo o Código de Conduta da Alta Administração Federal, nenhuma autoridade pode receber transporte ou favores de fonte privada.

Ideli Salvatti, por sua vez, teria negociado para manter o cargo de um aliado acusado de irregularidade no Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A conversa apareceu em gravações feitas pela Polícia Civil catarinense com o presidente do PR de Santa Catarina, Nelson Goetten, quando Ideli ainda era a titular da pasta da Pesca. Atualmente, ele está preso sob a acusação de pedofilia, segundo a revista IstoÉ.

O PR foi o principal alvo da “faxina” no Ministério dos Transportes e no DNIT após denúncias de corrupção. De acordo com a reportagem, Ideli apareceu em grampos feitos com autorização judicial entre 1° de março e 31 de maio para investigar Goetten, suspeito de integrar rede de prostituição infantil. Na época, Ideli ainda era ministra da Pesca, cargo que ocupou entre janeiro e junho deste ano. Nas gravações, os dois falam sobre a permanência de João José dos Santos, indicado pelo PR, na Superintendência do DNIT de Santa Catarina.

Goetten afirma: “Eu preciso muito de ti (…) Se nós tivermos que apresentar um nome nosso. Não vamos correr risco…”. E Ideli responde: “Vou fazer todo esforço para defender ele. (…) Eu vou levar as informações devidas, pois eles estão fazendo eco, engrossando a campanha de direita. (…) Temos de fazer todo o esforço na defesa de João José”.

Os dois conversaram sobre a liberação de recursos para as obras do DNIT em Santa Catarina. Ideli afirma: “Nós garantimos aquele dinheiro para iniciar a obra de duplicação (…) E não iniciando a gente perder o dinheiro”. Goetten responde: “O João realmente tem alguns pecados, que é não se comunicar”.

Ideli encaminhou nota à revista. “A ministra Ideli Salvatti sempre teve uma relação institucional com o ex-deputado federal Nelson Goetten. Ambos foram deputados estaduais na mesma legislatura na Assembleia Legislativa e até há bem pouco tempo o ex-deputado era o presidente do PR em Santa Catarina”.

A respeito de João José dos Santos, a nota de Ideli diz que ele “é uma indicação do PT de Santa Catarina e está à frente do cargo desde 2003”. “Não conhecimento de condenação por parte dos órgãos de controle estadual e federa à conduta do senhor João José no comando do DNIT/SC”, responde a ministra.