Ministro nega ter utilizado jato de empreiteira, diz que pegou carona e larga o problema para Gleisi

Saída estratégica – “Eu só peguei carona”. Essa foi a frase mais utilizada pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva, para se esquivar da acusação de que teria usado um jato executivo de empreiteira do Paraná que foi contemplada com verbas do Programa de Aceleração do Crescimento.

Durante audiência na Subcomissão de Rádio Digital da Câmara dos Deputados, Paulo Bernardo afirmou que o mencionado jato foi locado pela sua mulher, Gleisi Hoffmann, atual chefe da Casa Civil, na campanha ao Senado Federal. “A campanha providenciava avião, mas eu não fui candidato. A campanha da candidata Gleisi tem registrados os pagamentos que correspondem ao que ela usou. Ela gastou em torno de R$ 8 milhões na campanha dela. O TRE aprovou. […] Eu não fui candidato, não tenho prestação de conta alguma. Eu só peguei carona”, declarou o ministro.

As declarações de Paulo Bernardo começam a avançar na seara da contradição, pois ele próprio disse que a mencionada empreiteira fez doações para a campanha de Gleisi Hoffmann. “O senhor me perguntou sobre doações. Essa empresa fez doação de R$ 570 mil para a [campanha] Gleisi, fez doações para o comitê estadual”, alegou o ministro.

Se de fato o jato em questão pertence à empreiteira citada em reportagem da revista “Época”, a campanha da ministra-chefe da Casa Civil não precisaria ter locado a aeronave, uma vez que a empresa fez doações em dinheiro à candidata petista ao Senado. Bastava a empresa transformar a doação em horas de voo.

Sem traquejo para enfrentar uma inquirição de parlamentares da oposição, Gleisi Hoffmann terá de acionar a tropa de choque palaciana no Congresso Nacional para evitar a aprovação de um convite para dar explicações. Se for ao parlamento, a ministra corre o risco de cair em contradições, algo que os oposicionistas torcem para que aconteça. É importante lembrar que política é negócio e quem participa desse jogo não é inocente.