Mais suplente – É provável que na próxima semana o senador João Alberto (PMDB-MA) apresente à Mesa Diretora do Senado Federal um pedido de licença do mandato para assumir a Secretaria de Ações Estratégicas do governo do Maranhão. O convite foi feito nesta semana pela governadora Roseana Sarney (PMDB), mas a posse no Executivo estadual depende de uma conversa entre ambos, o que deve ocorrer na quinta-feira (1), quando João Alberto retorna a São Luís.
Ao decidir chamar o senador para o Maranhão, Roseana adota a estratégia de contornar duas vertentes da política local. A primeira é evitar que o Democratas deixe a base do governo. Desde o ano passado, o partido não se entende com a governadora, embora um de seus principais financiadores de campanha seja amigo da família Sarney de longa data.
Trata-se de Mauro Fecury, proprietário da universidade Uniceuma, cujo filho, Clóvis Fecury, é primeiro suplente de João Alberto. Clóvis foi deputado federal por três legislaturas, mas desistiu da reeleição no ano passado ao ser alçado à suplência depois de negociação conturbada.
A chegada de Clóvis Fecury ao Senado amplia o número de suplentes para mais de 20 parlamentares. São personagens com direito a voto nas comissões e no plenário, embora não tenham sido votados pelo eleitor. É o caso do senador Lobão Filho (PMDB-MA), suplente do pai Édison Lobão (PMDB-MA), que comanda o Ministério das Minas e Energia; de Ana Rita (PT-ES), que subiu à Câmara Alta com a eleição do governador Renato Casagrande (PSB); e de Casildo Maldaner (PMDB-SC), que se beneficiou com a renúncia de Raimundo Colombo (DEM-SC), governador de Santa Catarina.
A entrada de João Alberto no primeiro escalão do governo maranhense também serve à administração que está bastante prejudicada por brigas internas. De um lado está o cunhado de Roseana, o secretário da Saúde Ricardo Murad (PMDB), e de outro o secretário da Casa Civil, Luiz Fernando. Os dois disputam uma queda de braço que tem como pano de fundo as eleições estaduais de 2014. João Alberto chegaria ao governo com poderes mais amplos que a secretaria estratégica sugere.
Além disso, o convite ao senador tem a mão do senador José Sarney (PMDB-AP), que sabe que a filha não está controlando muito bem a máquina administrativa, assim como tem dificuldades de relacionamento com os deputados estaduais na Assembleia Legislativa. João Alberto é um fiel assessor da família Sarney e chegou novamente ao Senado graças a um esquema político, onde todo o grupo Sarney trabalhou para a sua eleição.