Dinheiro público – Assim que é aberto o site da prefeitura de Diamantino surge um banner com os destaques da exposição da cidade, com as respectivas atrações do evento que terminou no último dia 4 de setembro. Entre elas, a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Há também um release produzido pela assessoria do prefeito, Juviano Lincoln, que aparece em foto ao lado do cantor, no qual afirma categórico: “Diamantino é um berço cultural do Estado de Mato Grosso, sabemos da história cultural que tem esse município”.
Diamantino é realmente uma cidade mato-grossense privilegiada. Fica a 30 quilômetros do rio Paraguai, na região de Sete Lagoas. Fica na divisão das águas das Bacias Amazônica e Platina e o acidente geográfico responsável por essa façanha é a Chapada dos Parecis, um planalto com altitudes em torno dos 500 metros. Em 1728, quando surgiu o primeiro povoado, os bandeirantes encontravam ouro à flor do solo.
Ocorre que a exemplo de outros prefeitos, que costumam misturar o público e o privado, Juviano também entrou na mira do Ministério Público. A partir de um pedido da Promotoria, a Justiça estadual determinou o bloqueio das contas da comissão organizadora da “V Expodiamantino”’, da empresa responsável pelos shows “Maciel & Santana Ltda ME” e da bilheteria do show da dupla sertaneja.
A medida determina o bloqueio do pagamento de R$ 210 mil do cachê feito aos dois cantores. É que o dinheiro saiu dos cofres públicos do município e o MPE ingressará com ação civil pública para tentar garantir o ressarcimento ao erário. O show foi realizado neste domingo (04), segundo informa o “Olhar Direto”, de Cuiabá.
De acordo com a promotora de Justiça Anne Karine Louzich Hugueney Wiegert, que atua na 2ª Promotoria de Justiça Cível de Diamantino, a Expodiamantino foi realizada por iniciativa privada, mas o show da dupla sertaneja foi custeado com recursos públicos. “Após termos recebido denúncia anônima sobre a irregularidade, requisitamos informações ao prefeito e ele nos encaminhou nota de empenho, mas não nos esclareceu se o recurso já havia sido repassado integralmente à dupla. Diante disso, ingressamos com ação cautelar para tentar impedir eventual repasse e assegurar o bloqueio das contas”, explicou a promotora de Justiça.
Consta na ação do MPE, que os organizadores da V Expodiamantino receberam patrocínios para divulgação e arrecadaram com o aluguel dos espaços, cujos preços variaram de R$ 500,00 a R$ 7 mil. Isso sem contar com o dinheiro arrecadado com a venda de ingressos. “Enquanto os organizadores do evento arrecadam toda a receita relativa ao evento, cabe, em última análise, ao povo custear o show artístico de maior importância, por meio de verba pública municipal, tendo ainda a mesma população que pagar para assistir ao referido show com a compra de ingressos ou passaportes”, destacou a promotora de Justiça, em um trecho da ação cautelar.
