Cortina de fumaça – Quando a incompetência domina o Estado, o que acontece com regularidade no caso do Rio de Janeiro, nada como uma tragédia para cobrir outra. A tentativa de retomada do Complexo do Alemão por parte dos traficantes dos morros do Adeus e da Baiana, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o que obrigou o reforço das tropas militares que estão no local, serviu para tirar da mídia o acidente com o bonde de Santa Teresa.
Com cinco mortos e cinquenta feridos, o acidente foi alvo de evasivas do secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, que de chofre creditou ao motorneiro a responsabilidade pelo acidente. Como se fosse pouco, Lopes não compareceu à primeira reunião agendada pelos representantes do Ministério Público fluminense, que apura as causas da tragédia.
Playboy conhecido nas altas rodas cariocas, Júlio Lopes está longe de ter condições para comandar uma pasta tão importante e complexa como a dos Transportes. Contundo, o pior fica por conta do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), uma verdadeira ode à irresponsabilidade, que ainda não encontrou coragem para demitir Júlio Lopes.
Em qualquer país minimamente sério, Lopes não apenas estaria demitido, mas indiciado por homicídio culposo e com os bens indisponíveis para, na condição de cúmplice, garantir indenização às vítimas. Não faz muito tempo, quando o Rio disputava com a capital paulista o direito de abrigar provisoriamente a sede da FIFA durante a Copa de 2014, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse, em tom de deboche: “Chinelada na paulistada. É humilhante… Mostro a vista e mostro um negócio desses. Vai levar o que pra São Paulo?”. De fato a cidade de São Paulo, por sua complexidade, é a menos indicada para receber qualquer capítulo da Copa do Mundo, mas Eduardo Paes deveria fazer valer a sua profecia mambembe e opinar sobre o acidente.
Vale lembrar que Sérgio Cabral Filho, Eduardo Paes e Júlio Lopes são amigos de longa data e que dificilmente os verdadeiros culpados pelo acidente com o histórico bonde de Santa Teresa serão penalizados.
