Sensação de impunidade provoca crescimento de acidentes de trânsito com morte na cidade de São Paulo

Como esperado – Na década de 60, muitos eram os automóveis que, com o painel sendo uma extensão da própria lataria, ostentavam um adorno kitsch e imantado que trazia a frase “não corra, não mate, não morra”. Tirando o viés pouco elegante do mimo automotivo, a frase parece ser atual, se considerada a informação de que os acidentes de trânsito com morte aumentaram em 40% na cidade de São Paulo, apenas nos seis primeiros meses do ano.

Detalhes da pesquisa realizada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que no primeiro semestre de 2011 foram registradas 378 ocorrências de acidentes de trânsito com morte, contra 269 no mesmo período do ano anterior. Para piorar, a coleta de dados registrou que a partir de 2007 cresceu o número de registros de colisões, capotamentos e atropelamentos com vítimas fatais.

A Polícia Militar de São Paulo deflagrará em outubro uma campanha de conscientização, com direito inclusive à exposição em vias públicas de carros acidentados. Esse cenário reforça o alerta dos jornalistas do ucho.info, que afirmou que a venda desenfreada de automóveis, a partir do programa de redução de IPI, iniciado no final de 2008, colocaria nas ruas e avenidas do País pessoas que transformariam o carro em uma arma letal, sem contar o escandaloso desrespeito às leis de trânsito.

Como forma de agravar o quadro, instâncias superiores da Justiça têm desqualificado a modalidade do homicídio cometido pelo motorista infrator, passando de doloso, quando o condutor assume o risco de matar, para culposo, quando há intenção de matar. Fora isso, as transgressões cometidas no trânsito, muitas das quais provocando morte e invalidez, resultam da sensação de impunidade que tomou conta do Brasil nos últimos anos, principalmente porque casos envolvendo políticos de todos os matizes sempre caem na vala do esquecimento. E se existem alguém que colaborou para que isso acontecesse, esse atende pelo nome de Luiz Inácio da Silva, o messiânico Lula.

No contraponto, não se trata de condenar o acesso do cidadão aos bens oferecidos ostensivamente por campanhas publicitárias ricas e cinematográficas, mas de exigir do Estado que a punição seja implacável e que o bom exemplo, cada vez mais difícil no País, siga a via descendente de maneira contínua e incondicional.