Pingos nos is – Na política nacional a quarta-feira (21) foi de comemorações, principalmente no universo feminino. Embalada pelo fato de a presidente Dilma Vana Rousseff ser a primeira mulher a fazer o discurso de abertura dos trabalhos da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a deputada federal Ana Arraes (PSB-PE) embarcou na onda ufanista logo após ser eleita para o Tribunal de Contas da União.
Mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e filha do ex-governador Miguel Arraes, a nova ministra do TCU (ainda depende de referendo protocolar do Senado Federal) aproveitou os holofotes direcionados à presidente Dilma para enaltecer o fato de ser a primeira mulher a chegar ao Tribunal, algo que mereceu destaque por parte do presidente da Câmara dos Deputados, o petista gaúcho Marco Maia.
Acontece que, diferentemente do alarde dos últimos dias, Ana Arraes não é a primeira mulher a chegar ao Tribunal de Contas da União. Baiana de São Félix, a advogada Élvia Lordello Castello Branco tornou-se juíza do Tribunal Regional do Trabalho em 1957. Quatro anos mais tarde, em 1961, iniciou carreira como procuradora junto ao TCU. Em setembro de 1987, nomeada pelo então presidente José Sarney, a procuradora Élvia Castello Branco passou a integrar o quadro de ministros do TCU, tendo presidido a Corte entre 1994 e 1995, ano em que se aposentou.
Casada com o jornalista Carlos Castello Branco, o grande e saudoso “Castelinho”, profissional que a velha guarda da comunicação tão bem se recorda, Élvia Lordello Castello Branco faleceu em 6 de junho de 1995, no Rio de Janeiro.
Além de não se tirar da ministra Élvia o lugar que lhe pertence no panteão do TCU, esta matéria mostra que a assessoria do presidente da Câmara dos Deputados errou com galhardia.