Mal contado – O Brasil é mundialmente conhecido como o país do jeitinho. E por aqui algumas autoridades tratam de referendar esse status vexatório de uma nação que se diz emergente. Quando alguma conta governamental não vai bem e pode provocar prejuízos políticos e de opinião pública sem precedentes, a ordem é sempre a mesma. Mudar a metodologia do cálculo. E essa prática parece ter ultrapassado os limiares das contas públicas.
Em 31 de outubro de 2007, quando a FIFA anunciou que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o então presidente Luiz Inácio da Silva, sempre a bordo de seu messianismo boquirroto, garantiu que o País realizaria o melhor evento futebolístico de todos os tempos. Na ocasião, muitos sabiam tratar-se de mais uma mentira oficial, mas parte da população foi arrastada pela onda de mitomania.
Meses mais tarde, o mesmo Lula anunciou investimentos de R$ 5 bilhões para a modernização e ampliação dos principais aeroportos brasileiros. Tudo porque, o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, que foi chamado de “idiota” por Lula, externou sua preocupação com os aeroportos brasileiros. Sempre caóticos, os aeroportos do País estão à beira de um colapso, mas mesmo assim as autoridades do setor insistem em se valer dos chamados “puxadinhos”. O primeiro dos aeroportos a ser contemplado com um “puxadinho” foi o de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Com as obras dos aeroportos vergonhosamente atrasadas, o governo federal decidiu mudar a metodologia para calcular a capacidade dos aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo. De acordo com a nova forma de calcular da Infraero, treze aeroportos poderão receber 100 milhões de passageiros a mais por ano. Antes da inovação da Infraero, os aeroportos das doze cidades-sede da Copa tinham capacidade para receber 95 milhões de usuários por ano. Acontece que em 201º passaram 104 milhões de usuários pelos mesmos aeroportos.
Considerando que a nova metodologia adotada pela Infraero é lógica e coerente, não havia necessidade de construir um “puxadinho” no aeroporto de Guarulhos, sem licitação e a custo exorbitante. Recentemente, a Secretaria de Aviação Civil e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) alegaram que o Módulo Operacional Provisório (MOP), o tal do “puxadinho”, estava sendo construído para atender a demanda do final do ano.
Luiz Inácio da Silva, o fanfarrão Lula, tentou estocar a oposição quando adotou o “nunca antes na história deste país”, mas o bordão acabou como um tiro no pé do próprop Partido dos Trabalhadores, que no Planalto Central vive às voltas com a maldição que emoldura o espólio de Lula.