Hora da verdade – Deputado estadual pelo PTB paulista, Roque Barbiere mergulhou no olho de um furacão político depois que denunciou que alguns parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo comercializam emendas. Por conta da denúncia, Barbiere será julgado pelo Conselho de Ética da Casa. Enquanto isso, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que as emendas devem estar disponíveis em um portal de transparência.
No Legislativo paulistano há duas correntes distintas. Uma delas é composta por deputados que acreditam que as denúncias de Roque Barbieri dificilmente serão confirmadas. A outra é de parlamentares que acreditam que o delator poderá, mais adiante, revelar os nomes dos deputados que comercializaram as emendas.
Se por um lado o assunto vem causando indignação, por outro a prática é conhecida nos bastidores da política verde-loura. E por conta disso é preciso deixar a hipocrisia de lado e reconhecer que política é negócio. Fora isso, é preciso lembrar que tal prática não é exclusividade dos políticos de São Paulo. Situações semelhantes ocorrem em todo o País, pois trata-se do resultado nefasto do financiamento privado das campanhas eleitorais. Quem investe na campanha de um determinado candidato não o faz por diletantismo ou patriotismo, mas para ter algum tipo de retorno, mesmo que tardio.
Para se ter ideia da extensão da peçonha que recobre o tema, um candidato a deputado federal por um estado do Nordeste gasta em média R$ 40 por voto, caso concorra por um partido de expressão nacional. Ou seja, um candidato que consegue 150 mil votos nas urnas precisa desembolsar R$ 6 milhões. De tal modo, ninguém investe R$ 6 milhões em três meses de campanha para, se eleito, receber aproximadamente R$ 1,5 milhão em quatro anos de mandato.
Roque Barbiere dificilmente terá como provar suas recentes denúncias, mas ninguém pode dizer que o deputado paulista está faltando com a verdade.