Kassab interditou shopping, mas quer moradores em conjunto habitacional com risco de explosão

Mal explicado – É no mínimo estranho o caso da existência de gás metano no subsolo de extensa área na Zona Norte da capital paulista, onde está localizado um complexo comercial ancorado pelo Shopping Center Norte. Há dias, o prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, abusou politicamente da interdição para ganhar espaço na mídia e deflagrar um processo de recuperação da sua vertiginosa impopularidade junto aos eleitores da maior cidade brasileira.

Por ocasião do imbróglio envolvendo o Shopping Center Norte, os jornalistas do ucho.info alertaram para a necessidade de interdição de um hotel que funciona nas proximidades, além de um conjunto habitacional popular (Cingapura Zaki Narchi) e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) da Polícia Civil, todos construídos em área que no passado funcionou como lixão.

Depois de posar de Dartagnan tupiniquim, Gilberto Kassab decidiu recorrer da decisão da Justiça que determinou a imediata remoção das mais de 2,7 mil pessoas que vivem no conjunto habitacional, por conta da presença de gás metano no subsolo e iminente risco de explosão.

Levando em consideração que as razões que levaram à interdição do shopping são as mesmas que pautaram a decisão judicial, não há motivo para Gilberto Kassab se contrapor à Justiça. Basta que o alcaide paulistano faça as mesmas exigências. No que se refere ao hotel e ao departamento da Polícia Civil paulista, o prefeito insiste em fazer vistas grossas, provavelmente porque deve ter motivos para tal.

A liberação do shopping só se deu após a instalação de dutos para drenar o gás metano acumulado no subsolo do terreno. E tal procedimento deveria ser repetido no Cingapura Zaki Narchi, minimizando o risco a que estão expostos os moradores. Se isso não foi feito é porque a eficácia da solução apresentada pelo shopping é questionável ou, então, a vida de cada morador do conjunto habitacional vale menos que a dos frequentadores do shopping.

Essa história é muitíssimo mal contada e pode explicar algumas conversas bisonhas que têm crescido nos bastidores da política paulistana.