Óleo de peroba – A demissão de Orlando Silva Jr., do PC do B, foi comemorada pelos partidos de oposição no Congresso Nacional, mas acabou abafada pela indicação do também comunista Aldo Rebelo para o cargo. Rebelo, como se sabe, goza de bom trânsito entre os parlamentares, além de ser um integrante da esquerda brasileira avesso aos radicalismos ideológicos. Esse viés ficou claro no relatório do Código Florestal Brasileiro, que Rebelo defendeu com coerência, apesar das críticas dos ambientalistas e do próprio Palácio do Planalto.
Se na capital dos brasileiros o desejo de comemoração dos oposicionistas acabou sufocado, no mais importante estado da federação situação foi diferente. Tudo porque em São Paulo, onde a oposição nacional é situação, a investigação da denúncia de venda de emendas parlamentares ao orçamento paulista foi sepultada de maneira pífia, mas com o expressivo apoio do Palácio dos Bandeirantes.
Deputado estadual pelo PTB, Roque Barbiere denunciou, semanas atrás, que um terço dos parlamentares vende emendas ao orçamento. Classificado como irresponsável por muitos dos seus pares, em especial pelos que integram a base de apoio ao governo do tucano Geraldo Alckmin, Barbiere continue sustentando o que disse. Ao olho desse furacão político foi puxado o deputado Bruno Covas (PSDB), atual secretário estadual de Meio Ambiente.
Presidente estadual do PTB, Campos Machado apresentou requerimento para que o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa paulista, criado para investigar o caso, fosse extinto e todo o material apurado fosse entregue ao Ministério Público Estadual. Como o Conselho não produziu nenhum relatório, até porque não avançou nas investigações e muito menos ouviu as testemunhas, o caso foi transformado em uma enorme e mal cheirosa pizza.
Que ninguém pense que Roque Barbiere descobriu a roda ou inventou a pólvora. O petebista teve a coragem de denunciar algo que acontece tranquilamente em todos os rincões desse nosso continental Brasil.
Como governador do mais importante estado brasileiro e integrante de uma legenda que em Brasília lidera de forma estridente a oposição ao Palácio do Planalto, o tucano Geraldo Alckmin poderia ter evitado essa mancha no currículo.