Para GDF, demissão em massa é “natural”, mas delegados promovem paralisação como protesto

Jogo político – O governador Agnelo Queiroz (PT) nega, mas a demissão em massa de 51 delegados corre como um rastilho de pólvora com cheiro de represália. As exonerações foram publicadas na quinta-feira (3), conforme o ucho.info já noticiou, mas, além dos comentários, a decisão do governo provocará uma paralisação da categoria dos delegados por quase uma semana. É um protesto orquestrado. Agnelo garante que a decisão já tinha sido tomada há algum tempo e que o remanejamento de pessoal não é para beneficiar grupos, “mas fazer da Polícia Civil uma polícia cidadã”.

A demissão da cúpula teria sido provocada por causa do vazamento, pela Polícia Civil, de gravação de uma conversa entre o soldado João de Deus e o governador, na esteira do escândalo de malversação de recursos públicos no Ministério do Esporte. A conversa foi divulgada nos telejornais da “Rede Globo” nesta semana.

Para o Governo do Distrito Federal, a mudança “é natural” e alguns delegados devem ser reconduzidos aos cargos, segundo disse a Secretaria de Comunicação. Em nota enviada à imprensa, o GDF afirma que não houve demissão em massa na Polícia Civil. “Já foram nomeados 24 delegados. É natural, com a mudança na cúpula da corporação, que ocorram algumas reacomodações”.

Na quinta-feira, segundo informa o “JBr”, delegados-chefes de unidades circunscricionais se reuniram para tratar das exonerações e acionar o Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do DF. “Nunca tinha visto uma atitude como essa do governo, ainda mais em um cenário de crise que a polícia vive. Isso pode trazer ainda mais prejuízos para a população e para a instituição, que sempre foi conhecida pela operacionalidade e alto índice de resoluções de casos”, afirmou um dos exonerados que preferiu não se identificar.