Crise internacional avança e solução apresentada por Dilma não é tão milagrosa quanto parece

Azia econômica – Na reunião com líderes dos partidos da base de apoio, na tarde de segunda-feira (7), a presidente Dilma Rousseff reconheceu a gravidade da crise internacional, mas, a exemplo do seu antecessor, disse que o Brasil está preparado para qualquer solavanco na economia. Horas antes, a presidente afirmou que a única saída para enfrentar as reticências da crise que chacoalha a Europa é a geração de empregos.

A receita apresentada por Dilma Vana Rousseff e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não é tão simples quanto parece, pois os ingredientes do cenário global apontam para um futuro no mínimo indigesto. Enquanto aguarda o anúncio da formação de um novo governo na Grécia, que com a saída de Georgios Papandreou comandará o país até meados de fevereiro de 2012, a Comunidade Europeia está de olho na queda de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, que também enfrenta dificuldades econômicas.

A inevitável retração do consumo na chamada zona do euro provocará reflexos em todo o planeta, a começar pelos países emergentes, entre eles o Brasil. Quando Dilma fala em gerar empregos não significa a reles criação de postos de trabalho, mas provocar demanda que justifique tal operação. E isso representa dar fôlego para a inflação, item de destaque na herança maldita deixada por Luiz Inácio da Silva.

Quando a crise de 2008 ameaçou lançar seus tentáculos sobre o Brasil, o então presidente Lula, que classificou a onda mundial como “marolinha”, usou todas as ferramentas para colocar nas alturas o consumo interno. O resultado dessa sandice, patrocinada pelo crédito fácil, foi a chegada à classe média de 39 milhões de consumidores, em sua maioria lutando atualmente contra a malfadada inadimplência. Prova disso é que, entre janeiro e outubro deste ano, a caderneta de poupança registrou queda de 62% na captação, em relação a 2010. E boa parte do dinheiro que não chegou à poupança foi destinada ao pagamento de dívidas.

Na segunda-feira (7), horas depois de o ucho.info noticiar que o fracasso da recente cúpula do G20, realizada na cidade francesa de Cannes, sinalizava uma retração no consumo mundial, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, confirmava nossa previsão. “Se nós não trabalharmos juntos, nós poderemos enfrentar uma espiral descendente de incerteza, instabilidade financeira e colapso de demanda mundial”, declarou Lagarde durante visita a Moscou.

Outra prova incontestável do cenário assustador que se avizinha é o destino que 78 milhões de brasileiros darão ao décimo terceiro salário. Parte dos R$ 118 bilhões que serão despejados na economia verde-loura deve migrar para o pagamento de dívidas.

A geração de empregos anunciada por Dilma Rousseff requer, como mencionado, o incentivo ao consumo. Acontece que bancos e instituições financeiras, que poderiam alimentar o comércio, adotaram posturas mais conservadoras na concessão de crédito. E sem dinheiro a economia não roda.