Lanterna dos afogados – Exigir coerência no mundo da política é a mais árdua das tarefas. E essa dificuldade é facilmente pelo fato de que os interesses momentâneos movem a política. Quando o escândalo de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT” eclodiu, os partidos de oposição tiveram a chance de defenestrar Luiz Inácio da Silva do poder, pois o marqueteiro Duda Mendonça, durante depoimento à CPI dos Correios, afirmou ter recebido do PT, em conta bancária no exterior, parte dos honorários da campanha presidencial de 2002.
A bordo do tosco discurso de que o Brasil naquele momento carecia de governabilidade, a oposição, liderada pelo PSDB, decidiu fechar os olhos para um grave crime cometido por Lula e seu staff de campanha. A estratégia oposicionista estava centrada na tese de que em 2006 seria possível arrancar Lula do Palácio do Planalto, o que não se confirmou, mesmo com o cipoal de provas existente à época.
Agora, com escândalos de corrupção espocando em todo o País, a mesma oposição aposta nas denúncias para se manter na vitrine da política nacional, sem se preocupar em construir um discurso que arrebate o eleitorado.
O mais novo alvo dos partidos que fazem oposição ao Planalto é o governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, que tem contra si nada menos que cinco pedidos de impeachment. Tudo porque seu nome foi envolvido nos escândalos do Ministério do Esporte e que culminaram com a saída de Orlando Silva Jr. Uma nova denúncia, dessa vez de corrupção na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), faz com que Agnelo Queiroz surja na linha de tiro dos que fazem oposição ao Palácio Buriti.
De acordo com as recentes denúncias, Agnelo teria recebido R$ 5 mil de propina de um representante de laboratório farmacêutico para liberar a comercialização de um determinado medicamento. Primeiro é preciso lembrar que não há em Brasília quem cobre propina de tão baixo valor. Depois, o corrupto, por mais amador que seja, jamais receberá esse dinheiro imundo em sua conta bancária.
Falta à oposição um conjunto probatório para sustentar o pedido de impeachment do governador do DF. O ucho.info não tem procuração para defender Agnelo Queiroz, o que não faria se tivesse, mas é importante destacar que quando sobraram provas a oposição preferiu deixar Lula no poder. Agora, sonhando com um retorno ao Buriti, de onde foi escorraçado no vácuo da Operação Caixa de Pandora, o Democratas se uniu ao PSDB para estocar, mesmo sem provas, o governador Agnelo Queiroz.
Política, como temos reafirmado, e negócio dos bons e para poucos, mas é preciso doses mínimas de lógica e coerência para se manter em seara tão complexa e covarde.