Olhos abertos – Depois de provocar enorme polêmica ao dizer que no Judiciário há bandidos sob togas, a corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, continua em sua cruzada para eliminar punir os magistrados que se envolvem em casos de corrupção, no caso de servidores públicos trata-se de concussão. A ministra do Superior Tribunal de Justiça informou na segunda-feira (21), em Belém, que atualmente de 62 magistrados estão sob investigação, por causa de denúncias, evolução patrimonial suspeita e a não entrega de declaração de renda nos últimos anos. Nesse trabalho, a Corregedoria Nacional conta com o apoio da Receita Federal do Brasil, da controladoria-Geral da União e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Embora tenha reafirmado seu “dever constitucional” de investigar magistrados suspeitos, a ministra Eliana Calmon explicou que a iniciativa não significa que os 62 investigados são culpados. Ela lembrou que os magistrados muitas vezes são acusados pela parte – que perde a ação como forma de vingança. “Estou me aprofundando no exame dos processos”, disse.
A ministra reafirmou existir corrupção no Judiciário, mas em grau muito pequeno porque, em sua opinião, a maioria dos magistrados trabalha honestamente. De acordo com ela, existem desvios no Judiciário da mesma forma que em todos os segmentos da sociedade. Por isso, é necessário o controle, explicou a magistrada.
Eliana Calmon acerta ao dizer que nem todos os investigados são culpados, mas é importante salientar que trata-se de um número muito reduzido de juízes sob a lupa da Corregedoria Nacional. Quem bem conhece os bastidores da Justiça brasileira sabe como funcionam as tratativas nesse imundo balcão de negócios quase inacessível.
Em alguns casos, quando a corrupção não se consuma através do pagamento de impressionantes quantias em dinheiro, muitas vezes a prepostos, magistrados se beneficiam de benesses oferecidas por conhecidos advogados. Certa feita, um desembargador viajou passou as férias com a família em Miami, com direito a viagem em primeira classe, hotel cinco estrelas, cruzeiro em transatlântico de luxo, restaurantes caros e outros mimos. Tudo financiado por um grupo de advogados paulistanos especializados em desapropriação.