Face lenhosa – Na noite de quinta-feira (24), o PMDB invadiu as emissoras de rádio e televisão para levar aos brasileiros o seu programa político-partidário. Entre os tantos caciques que desfilaram na telinha e surfaram nas ondas do rádio, a governadora Roseana Sarney, do Maranhão, mereceu destaque por conta da sua conhecida desfaçatez, algo que a história recente mostra ser algo genético.
Perguntada pelo locutor do programa o significado de estar à frente do Executivo maranhense, Roseana não pensou duas vezes para responder que “significa uma visão mais humana de governar”. Como é de conhecimento de todos, Roseana é cria política do pai, o senador José Sarney, que sucedeu o caudilho Vitorino Freire na política local e há mais de cinquenta anos governa com mão de ferro o Maranhão. E por causa disso Roseana desconhece o que é visão humana.
Para provar que esse conceito de humanidade da atual inquilina do Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão, é uma mera utopia discursiva, faz necessário lembrar que Roseana Sarney prometeu dezenas de hospitais, mas poucos foram entregues até então. Como se pouco fosse, Roseana foi acusada de, em conluio com Ricardo Murad, seu cunhado, ser responsável por um esquema de repasse de verbas para a construção de hospitais, sem que algumas empreiteiras tenham assentado um só tijolo até então. Enquanto a saúde pública do Maranhão padece, a população carente do estado nordestino é obrigada a buscar hospitais em Teresina, capital do Piauí. Ou seja, não há visão humana na seara de Roseana Sarney.
Outro quesito incontestável que derruba essa visão humana de governar de Roseana é a atual greve dos policiais, bombeiros e delegados de polícia. Pleiteando reajustes salariais, mas tendo recebido até agora o desdém da governadora, os policiais decidiram cruzar os braços, o que obrigou Roseana a pedir socorro à Força Nacional de Segurança.
Enquanto a segurança pública do Maranhão está à deriva, pois afinal Roseana se nega remunerar dignamente os policiais e bombeiros, a governadora encontra tempo e dinheiro para estatizar a Fundação Sarney, como se o maranhense quisesse preservar a memória de alguém que empurrou para a ladeira da miséria uma das unidades da federação.
Palco de inconsistência contábil e financeira, a Fundação Sarney chegou à bancarrota sob a batuta do advogado José Carlos Souza e Silva, responsabilizado pelo desvio de recursos públicos destinados à entidade. O mesmo Souza e Silva, que presidiu a Fundação Sarney, no momento sonha em ser reconduzido ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, com a ajuda do amigo José Sarney. A decisão está nas mãos da presidente Dilma Rousseff, que certamente sabe que o advogado é relator de um processo no TRE-MA que pode culminar com a cassação da governadora Roseana Sarney.