Rebelião leva parte do PP a silêncio estranho diante das denúncias contra o Ministério das Cidades

Armação ilimitada – Quando o ucho.info afirma que há no Partido Progressista uma intifada e que parte da legenda está empenhada na operação para apear Mário Negromonte do Ministério das Cidades, não se trata de uma operação para defender a permanência do ministro no cargo, mas um alerta para a presidente Dilma Rousseff sobre o que está acontecendo nos bastidores do PP.

Na lista dos ministros com chances de deixar a Esplanada dos Ministérios, Negromonte é alvo de uma operação capitaneada por um grupo de parlamentares do PP sonham com o Ministério das Cidades, uma das mais importantes pastas do atual governo, se considerado o cenário da Copa do Mundo de 2014.

Na manhã de quinta-feira (24), Mário Negromonte, deputado federal eleito pela Bahia, passou a ser acusado de comandar um esquema fraudulento que causou um prejuízo de R$ 700 milhões aos cofres públicos. As denúncias estão centradas em um projeto de mobilidade urbana da capital mato-grossense, Cuiabá. A diretora d Mobilidade Urbana do Ministério dos Transportes, Luiza Gomide Vianna, disse, durante entrevista coletiva, que as denúncias não passam de uma “grande fantasia”.

Detalhes técnicos do projeto à parte, causa estranheza o fato de o líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), não ter saído em defesa do correligionário Mário Negromonte, o que em qualquer agremiação política acontece de forma célere e natural. De igual modo, no Senado Federal nenhum dos integrantes do PP procurou defender o ministro das acusações. Na Câmara Alta, o Partido Progressista conta com cinco parlamentares, mas todos se calaram diante das denúncias.

A mudez que toma a liderança do PP na Câmara dos Deputados tem uma explicação conexa. Aguinaldo Ribeiro só chegou ao cargo porque um grupo liderado pelos senadores Ciro Nogueira (PI) e Benedito de Lira (AL) e o deputado federal Eduardo da Fonte (PE) tratou de derrubar o paranaense Nelson Meurer. Essa manobra aconteceu porque houve promessas internas, muitas das quais deixaram de ser cumpridas há algumas semanas.

Em outro vértice do imbróglio, o silêncio obsequioso que reina no PP do Senado é fruto do projeto de poder que está sendo arquitetado por Ciro Nogueira, que quer substituir Mário Negromonte no Ministério das Cidades. Toda essa operação passa obrigatoriamente pela eleição de Nogueira ao Senado. Por ocasião da composição da chapa, Ciro Nogueira, que não é um neófito nesse clube privado de negócios chamado Congresso Nacional, escolheu como primeiro-suplente o rico e conhecido empresário João Claudino Fernandes. Dono de um dos mais poderosos grupos empresariais do Nordeste, João Claudino, que despejou boa quantidade de dinheiro na campanha de Ciro Nogueira, sonha em dividir o plenário do Senado com o filho, o atual senador João Vicente Claudino (PTB-PI).

Porém, continua sem explicação a pasmaceira do senador Francisco Dornelles (RJ), que na condição de presidente nacional do PP já deveria ter defendido seu companheiro de legenda, Mário Negromonte. Considerando a lenda popular que afirma que “quem cala consente”, Dornelles está deixando claro que não tem vocação para bombeiro, mas, sim, incendiário.

Lembramos mais uma vez que não se trata de defender ou não a permanência de Negromonte no Ministério das Cidades, mas de mostrar aos leitores – e também à presidente Dilma Rousseff – que algo muito estranho está patrocinando a inoperância de parte do PP. Com a devida licença do ex-senador piauiense Mão Santa, “atentai bem”, ó Dilma!