Caso pensado – Há algo errado no reino de Dilma Vana Rousseff. Nesta quarta-feira (30), o governo federal, turbinado pelo suado dinheiro do contribuinte, invadiu os meios de comunicação com uma campanha publicitária que trata do programa Bolsa Família. No material veiculado pelas emissoras de rádio, o locutor diz que o Bolsa Família significa mais comida na mesa, educação e saúde. Tudo muito bem, pois muitas vezes a propaganda oficial acaba vendendo vento. E apenas os incautos compram a ideia.
O primeiro ponto questionável nessa história é a razão pela qual o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome gasta dinheiro para gazetear o que não precisa. A não ser que seja essa uma ferramenta para comprar o silêncio de alguns órgãos de imprensa. O segundo assunto que causa estranheza é que o Bolsa Família há muito não conjuga o pagamento do benefício com a contrapartida escolar dos beneficiários.
Para mostrar que a propaganda oficial do Bolsa Família consumiu dinheiro público desnecessariamente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou na manhã desta quarta-feira o relatório da Situação da Adolescência Brasileira, que mostra que dos 21 milhões de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos, 38% , 7,9 milhões aproximadamente, vivem em situação de pobreza, em famílias com renda inferior a meio salário mínimo per capita por mês (R$ 272,50). Os casos mais graves estão entre os 3,7 milhões de adolescentes dessa mesma faixa de idade, o correspondente a 17,6% da população adolescente, que vivem na extrema pobreza, em famílias com até 1/4 do salário mínimo per capita por mês (R$ 136,25).
Como no mundo da política não existem coincidências, a veiculação campanha do Bolsa Família no mesmo dia em que a Unicef divulgou o citado relatório não foi obra do acaso. Até porque, a política é uma sequência de fatos previamente pensados e planejados. Só acredita na suposta boa fé dos políticos quem tem vocação para ser enganado.