No país que abrigará a bilionária Copa, presidente se reúne com catadores de lixo e moradores de rua

(Foto: Daia Oliver - R7)
Duro de entender – Pode parecer insistência de nossa parte, mas cobrar coerência dos políticos brasileiros é a mais hercúlea das tarefas planetárias, quiçá não seja impossível. Sucessora do messiânico Luiz Inácio da Silva, a presidente Dilma Rousseff parece ter herdado algumas pílulas de populismo daquele que a inventou como candidata. Nesta quinta-feira (22), a presidente da República, imitando o antecessor, participou de evento na cidade de São Paulo com catadores de lixo e moradores de rua. Essa foi uma atividade criada por Lula para suprimir a mitomania que marcou sua passagem pelo poder.

A participação de Dilma no evento, assim como as de Lula, é uma ode à incoerência. Na quarta-feira (21), em Brasília, a própria presidente, que insistiu no tema prosperidade, disse que os brasileiros deveriam romper o ano de 2012 na contramão dos fatos. Durante oito anos, Lula pegou carona em um slogan que tão bem traduziu as mentiras de seu governo: “Brasil, um país de todos”. O ex-presidente sempre se mostrou ao mundo como a derradeira solução para o amontoado de problemas brasileiros, mas a participação de Dilma no encontro com moradores de rua mostra não apenas a inocuidade do PT no poder, mas que o Brasil continua sendo um país de minorias.

Mas isso não é tudo nessa barafunda chamada Brasil. O governante de um país que se reúne com moradores de rua, como se participasse de um encontro qualquer de sua agenda, não tem o direito de gastar um centavo do dinheiro público para financiar obras de um evento bilionário e meteórico como a Copa do Mundo. Isso seria possível, desde que discutido à exaustão, se o país não fosse um celeiro de problemas sociais. Trata-se de mais uma aberração política na vida brasileira, que por certo não conseguirá despertar a população para uma revoltosa cobrança. Até porque, as nada verdadeiras promessas oficiais funcionam como anestésico da consciência popular.