Com atraso – O governo da presidente Dilma Vana Rousseff continua na conhecida toada de colocar a tranca na porta depois de a casa ser arrombada. Enquanto na manhã desta segunda-feira (9) a presidente reunia-se com cinco ministros para criar uma força-tarefa para monitorar os estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo) atingidos pelas chuvas, a Defesa Civil fluminense contabilizava o soterramento de dez casas e a morte de quatro pessoas em Sapucaia, no interior do estado, em decorrência da força das águas pluviais.
Em Outeiro, localidade de Cardoso Moreira, na Região Norte fluminense, pelo menos setecentas pessoas se negam a sair de suas casas, mesmo sabendo que o rompimento de um dique, na tarde de domingo (8), provocará inundação na região. Outros duzentos moradores já deixaram suas casas.
Na presença dos ministros Fernando Bezerra (Integração Nacional), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Paulo Sérgio Passos (Transportes), Alexandre Padilha (Saúde) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), a presidente Dilma Rousseff ordenou a criação da Força Nacional de Apoio Técnico de Emergência, nome pomposo demais para uma tragédia anunciada com a devida antecedência. “Uma força-tarefa de 50 especialistas que serão alocados nas regiões de mais alto risco [que estão], neste primeiro momento, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo”, declarou o ministro Fernando Bezerra após o encontro no Palácio do Planalto.
O objetivo da medida é não apenas socorrer os moradores dos inúmeros municípios atingidos, mas camuflar as denúncias contra o Bezerra, pois a presidente Dilma não quer atritos políticos com o PSB, legenda à qual é filiado o ministro. Partido da base de apoio ao Palácio do Planalto, o PSB é presidido pelo governador Eduardo Campos, de Pernambuco, que há muito está de olho na principal cadeira palaciana. Apear Fernando Bezerra do cargo no momento seria um tiro no pé de Dilma, que até agora não mostrou a que veio.
Fosse o Brasil um país minimamente sério e o seu governo responsável, pelo menos três ministros – Fernando Bezerra, Aloizio Mercadante e Paulo Sérgio Passos – já estariam demitidos.