Procurando confusão – Definitivamente o Brasil é o país do puxadinho. Há décadas sem deanel o que é planejamento por parte do estado, uma das mais importantes nações vive à sombra de medidas isoladas por parte das autoridades, muitas delas querendo mostrar uma competência que não existe.
Após a FIFA anunciar, em outubro de 2007, o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com o caos que impera nos aeroportos brasileiros. Chamado pelo então presidente Luiz Inácio da Silva, de forma indireta e inominada, de “idiota”, Valcke ouviu do ex-metalúrgico que o governo federal investiria R$ 5 bilhões na reforma e ampliação dos principais aeroportos do País, com vistas à Copa.
Desde o anúncio pirotécnico de Lula, quase nada aconteceu em termos de melhorias nos aeroportos, alvo de congestionamento de aeronaves e também de passageiros, enganados pela falsa sensação patrocinada pelo crédito fácil. Com esse detalhe, viajar de avião ficou fácil e barato.
De olho nas eleições municipais de 2012, o ministro do Turismo, o maranhense Gastão Vieira, que faz parte do grupo de José Sarney, anunciou que se reunirá com os presidentes das companhias aéreas brasileiras para buscar uma forma de reduzir os preços das passagens nos voos nacionais, o que aumentaria o turismo interno, muitas vezes mais caro que o internacional.
Uma das propostas de Gastão Vieira, anunciadas no programa “Bom Dia Ministro”, é a desoneração do setor através da redução de impostos e outros custos. Além disso, o ministro quer incentivar o turismo na chamada baixa temporada, período em que os hotéis e outros estabelecimentos de hospedagem têm ocupação reduzida.
A iniciativa do ministro Gastão Vieira é tecnicamente lógica e necessária, mas na prática beira a inviabilidade. Com a redução do preço das passagens aéreas o número de passageiros aumentará de forma natural, enquanto o País continua à espera da anunciada melhoria dos aeroportos nacionais.
Em relação à hospedagem, importantes cidades brasileiras sofrem com a falta de hotéis, especialmente porque o “boom” imobiliário elevou o preço dos terrenos capazes de abrigar empreendimentos dessa natureza. Em São Paulo, por exemplo, o enorme número de eventos e feiras faz com que os hotéis tenham ocupação elevada durante todo o ano. Não bastasse a falta de vagas nos hotéis, o alto custo das diárias tem afastado os turistas, que há algum tempo passaram a se hospedar em motéis, que oferecem preços convidativos e benefícios maiores que os ofertados pelos hotéis.