Berçário de escândalos, Vaticano nega acusações de corrupção e favorecimento de empresas

Confusão nova – Tido como reduto da moralidade por milhões de incautos católicos espalhados pelo planeta, o Vaticano volta mais uma vez à seara dos escândalos e da corrupção. Em nota distribuída no último sábado (4), a presidência do governorado da cidade do vaticano informou que as denúncias de “corrupção e má gestão” na administração do Vaticano, enviadas pelo arcebispo Carlo Maria Viganò ao papa Bento XVI, resultam de “avaliações incorretas”.

De acordo com alguns veículos de comunicação da Itália, o arcebispo Viganò, que foi secretário-geral do governorado, afirmou na carta enviada ao papa que no Vaticano sempre “trabalham as mesmas empresas, ao dobro (do custo) de outras de fora, devido ao fato de não existir transparência alguma na gestão dos contratos de construção e de engenharia”.

Atual núncio da Santa Sé nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò destacou em sua missiva que “jamais teria pensado em me encontrar diante de uma situação tão desastrosa”, que apesar de ser “inimaginável, era conhecida por toda a Cúria”. Além disso, o denunciante afirma que banqueiros que integram o chamado Comitê de Finanças e Gestão se preocupam muito mais com os próprios interesses do que com os da Santa Sé, lembrando que em dezembro de 2009 “queimaram US$ 2,5 milhões” em uma operação financeira.

Gostem ou não os católicos mais fervorosos, o Vaticano vez por outra é alvo de escândalos que em qualquer parte do planeta terminariam na delegacia de polícia mais próxima. A única vez que um escândalo envolvendo o Vaticano alcançou as manchetes dos jornais e terminou como um rumoroso caso de polícia foi por ocasião do esquema de corrupção que envolveu o braço financeiro da Santa Sé, o Banco Ambrosiano, a loja maçônica Publicittà Due (P2) e a máfia turca.

Há longas décadas sob o controle da Opus Dei, facção ultradireitista do catolicismo, o Vaticano foi alvo, no início dos anos 80, de um dos maiores e mais sórdidos escândalos de corrupção da história. Ao chegar ao cargo máximo da Igreja Católica, o cardeal italiano Albino Luciani, o papa João Paulo I, tentou em vão acabar com o fim da corrupção que grassava na Praça São Pedro e envolvia o Banco Ambrosiano, instituição financeira da qual o Banco do Vaticano tinha boa quantidade de ações. Luciani acabou morto 33 dias após ser escolhido papa. O serviço de comunicação do Vaticano informou que Luciano fora alvo de um infarto, mas a história da Medicina não tem qualquer registro sobre a aparência esverdeada de uma pessoa após ataque cardíaco.

A cadeira papal foi logo ocupada pelo polonês Karol Józef Wojtyła, o papa João Paulo II, que desavisado tentou a mesma empreitada do antecessor. Liquidar as relações criminosas entre o Banco Ambrosiano, a P2 e a máfia turca. Inocente, João Paulo II foi alvejado, em plena Praça São Pedro, por tiros disparados pelo turco Mehmet Ali Agca. Na esteira do escândalo do Banco Ambrosiano alguns dos envolvidos acabaram assassinados ou se suicidaram.

Por ocasião dos fatos, o editor do ucho.info,à época na Itália, investigou o cipoal de crimes que tinha o Vaticano como pano de fundo. Além de chegar à verdade, disparou a ira dos envolvidos e colecionou a ira de muitos. Perseguido durante alguns anos após o episódio, deixou a Itália da noite para o dia para não acabar como o cardeal Luciani, que tentou, sem sucesso, promover uma faxina na Praça São Pedro.

Todas as vezes que dedicamos espaço a essa criminosa prelazia que se instalou no Vaticano, noticiando o envolvimento da Santa Sé em casos de corrupção ou ressuscitando o escândalo do Banco Ambrosiano, a Igreja Católica brasileira faz pressão ao seu modo, como se os episódios aqui relatados fossem fruto de imaginação fértil e descontrolada de algum ignaro desavisado. Enviam mensagens eletrônicas com sugestões de títulos literários que elevam aos céus os representantes terráqueos do Senhor ou alguns prepostos de honra duvidosa a telefonemas intimidadores.