Intransigência de Jaques Wagner transforma o ex-governador Octávio Mangabeira em profeta

Tiro certo – A crise que se instalou na Bahia na esteira da greve dos policiais militares é algo inusitado. Até as 7h45 desta segunda-feira (6), o resultado da paralisação da PM era traduzido por 88 homicídios registrados na Grande Salvador. A desordem também se espalhou por diversas cidades do interior baiano, sendo que as ocorrências não fizeram da contabilidade do caos soteropolitano.

A queda de braços entre o governador Jaques Wagner (PT) e a Polícia Militar é antiga e tornou-se mais complexa nos últimos meses. Ciente de que a situação poderia alcançar as aias do incontrolável a qualquer momento, Wagner de pronto aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para acompanhá-la na viagem a Cuba, onde o governador da terra de Todos os Santos se curvou aos sanguinários irmãos-ditadores Raúl e Fidel Castro, enquanto o povo baiano ficava à própria sorte.

De volta a Salvador, Jaques Wagner manteve a decisão de não negociar com os grevistas, o que tem dado combustível extra ao movimento. Amparado por algumas ordens de prisão expedidas pela Justiça estadual e contando com a presença de tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança, o governador da Bahia mergulha nos mares da incoerência, pois seu currículo é marcado pela defesa dos trabalhadores. A situação piora quando lembramos que Jaques Wagner ocupou o Ministério do Trabalho a convite do companheiro Lula da Silva, cargo que deveria ter lhe conferido doses mínimas de conhecimento para lidar com aqueles que diuturnamente labutam pelo Brasil afora.

O caos provocado pela greve da PM baiana acontece faltando menos de duas semanas para o início do Carnaval, período do ano em que os trios elétricos e seus disputados “abadás” levam dezenas de milhares de turistas a Salvador. E se nada de concreto for feito até lá, o Carnaval da Bahia será comprometido, com sérios reflexos no turismo.

Sem dar ao menos uma resposta convincente à população, Jaques Wagner optou pelo silêncio como forma de preservar sua imagem política, não se importando com a onda de insegurança que assusta os baianos. O descaso do petista em relação ao povo da Bahia torna-se incontestável quando analisados os gastos do Palácio de Ondina com a segurança pública, 50% menor do que o investido em publicidade. Prática corriqueira quando o assunto é PT.

O cenário de irresponsabilidade patrocinado por Wagner é facilmente traduzido por uma célebre frase do ex-governador baiano Octávio Mangabeira (1947-1951), “pense no absurdo, na Bahia tem precedente”.