Depois de colocar Dilma sob saia justa, legalização do aborto volta à cena com nova ministra

Barril de pólvora – Tema que se transformou em séria polêmica na campanha de Dilma Rousseff à presidência, o aborto volta a rechear o cardápio do cotidiano político nacional. Com a saída da petista Iriny Lopes da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a presidente convidou para o cargo uma ex-companheira da “Torre das Donzelas”, cela que o DOI-CODI mantinha encravada no presídio Tiradentes e reservada para mulheres presas durante a ditadura militar.

Professora e socióloga, Eleonora Menicucci de Oliveira, ex-companheira de cárcere de Dilma, defendeu na terça-feira (7) que o aborto seja tratado como questão de saúde pública – mesmo discurso da campanha presidencial –, mas ressaltou que a descriminalização é uma decisão do Legislativo. “Quando eu aceitei convite da presidenta, eu sou governo. A matéria da descriminalização do aborto não diz respeito ao Executivo, diz respeito ao Legislativo”, disse. “O aborto não é uma questão de ideologia, mas uma questão de saúde pública, como o crack, a droga, a dengue, a Aids, como as doenças infectocontagiosas”, completou.

Eleonora Menicucci justificou sua posição em relação ao aborto alegando que trata-se de uma das grandes causas de morte de mulheres e de internações no Sistema único de Saúde (SUS). A legalização do aborto, se depender do Congresso, como disse a nova ministra, tem tudo para não ser aprovada, pois no parlamento a bancada da fé é tão numerosa quanto poderosa. Considerando que 2012 é um ano eleitoral e o eleitor não deve ser afrontado em suas convicções, o assunto só será tratado bem mais adiante.