Pano quente – Preocupada com os efeitos colaterais do palavrório de alguns dos seus assessores, que podem comprometer o desempenho do PT nas eleições municipais, a presidente Dilma Rousseff parece ter ordenado uma enxurrada de “erratas”. Secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho participou, na quarta-feira (15), de encontro com a bancada evangélica na Câmara dos Deputados, ocasião em que pediu desculpas aos parlamentares por conta de recentes declarações. Carvalho negou ter dito, durante o Fórum Social Temático, que o governo planeja enfrentar os evangélicos pelo controle ideológico da classe C e que o Planalto prepara uma rede de comunicação para combatê-los.
A luz vermelha acendeu no Palácio do Planalto quando a bancada evangélica anunciou que realizaria uma marcha em Brasília, contra Gilberto Carvalho, que também seria alvo de processos judiciais. A preocupação palaciana aumentou a partir da decisão dos parlamentares da fé de organizarem uma onda na capital paulista para derrotar o candidato petista Fernando Haddad, usando como arma o kit anti-homofobia.
Para completar, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) usou a tribuna da Câmara, dias atrás, para contestar o secretário-geral da Presidência. “O Gilberto Carvalho deve uma explicação – e esta é uma Casa política -, enquanto ele não explicar que rede é essa que quer montar. Ele quer uma rede, que rede é essa? Quer montar uma rede para fazer o enfrentamento ideológico através da mídia. Ele vai usar o quê? As televisões do governo? Vai comprar horário? Enquanto ele não fizer isso, todas as quintas-feiras nós vamos derrubar as sessões aqui”, disse Garotinho.
Ao final do encontro com os deputados evangélicos, Carvalho recebeu de presente um CD com a gravação de seu discurso no Fórum Social Temático, em Porto Alegre, para que possa conferir que disse o que alega não ter dito.
Como se fosse pouco o imbróglio causado por Gilberto Carvalho, as declarações a favor da legalização do aborto feitas pela nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menecucci, também incendiaram os ânimos de muitos no Congresso Nacional. Depois de ver na rede mundial de computadores entrevista em que Menecucci afirma ter ido à Colômbia para aprender a prática do aborto, a presidente Dilma ordenou que sua ex-companheira de cela negasse o fato. E não demorou muito para a assessoria de Eleonora Menecucci distribuir nota negando o fato.
Na reunião com os parlamentares evangélicos, Gilberto Carvalho deixou transparecer a preocupação de Dilma com o tema. Aos deputados o petista declarou: “A presidente Dilma pediu que eu reafirmasse para a bancada que a posição do governo sobre o aborto é a posição que ela assumiu já na campanha eleitoral, que está escrita em todo esse processo e que a posição do governo está absolutamente clara e assim vai continuar”.