Radiografia da incompetência – O Palácio do Planalto trabalha com muito afinco para fazer com que o incêndio que destruiu a Estação Almirante Ferraz, na Antártida, saia o quanto antes das manchetes. Com dois militares mortos e um ferido, o caso é a tradução fiel dos oito anos em que Luiz Inácio da Silva, período em que o País ficou refém da pirotecnia palaciana. Dilma Rousseff, que herdou um espólio amaldiçoado, nada fez para mudar o destino do programa científico.
Construída ao longo de trinta anos, a Estação Almirante Ferraz foi não apenas consumida pelo fogo que começou no compartimento de geração de energia, mas pela incompetência de um projeto totalitarista de governo que abandonou o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e deixou de investir no projeto os recursos previstos no orçamento da União. Neste ano, os recursos destinados à pesquisa na Antártida são os menores desde 2006: R$ 10,7 milhões, 42% a menos que em 2011, quando somente metade do orçamento destinado à base Comandante Ferraz foi efetivamente aplicada.
Participam do Proantar cinco ministérios – Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Minas e Energia, Relações Exteriores, Defesa (Marinha e Aeronáutica) – além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Muito estranhamente, o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que até semanas atrás comandava o Ministério de Ciência e Tecnologia, ainda não se pronunciou sobre a redução de investimentos no programa e na Estação Comandante Ferraz. O mesmo ocorreu com os outros ministros cujas pastas estão envolvidas com o Proantar. Apenas o ministro Celso Amorim, da Defesa, afirmou, por meio de nota pífia, estar consternado com a morte dos dois oficiais militares.
No Palácio do Planalto, o acidente ocorrido na Base Comandante Ferraz é assunto quase proibido. O máximo que se fez até agora nas entranhas palacianas foi produzir uma nota em que a presidente Dilma Rousseff lamenta a morte dos dois militares que tentaram controlar o incêndio na estação brasileira de pesquisas antárticas.