Ações do governo para estimular a economia e conter a inflação são como quebra-cabeça incompleto

Efeito colateral – O governo federal, preocupado com as eleições municipais deste ano, continua repetindo o erro da era Lula e priorizando ações pontuais, deixando de lado o necessário longo prazo. Até porque, nenhuma nação sobrevive de imediatismo.

Durante anos a fio, os brasileiros se submeteram a sacrifícios hercúleos para reerguer a economia nacional, movimento que começou com Fernando Collor de Mello, passou por Itamar Franco e terminou com Fernando Henrique Cardoso. A partir de então, Lula, a reboque da sua conhecida fanfarrice, tratou de aniquilar o trabalho realizado durante quase duas décadas.

Com a economia vivendo momentos de preocupação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou, na noite de quarta-feira (7), corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juro (Selic), agora fixada 9,75% ao ano, algo que na ponta pouco auxilia o reles tomador de crédito.

A decisão do Copom teve como justificativa alguns seguidos recuos da inflação e o pífio desempenho da economia em 2011, que ficou em 2,7%. O objetivo da medida é estimular o consumo interno como forma de minimizar os efeitos da crise que afeta a União Europeia, mas não é essa a receita econômica mais adequada no médio prazo. Quando o consumo voltar a puxar a inflação para cima, fazendo com que a herança maldita de Lula se sobressaia, o BC poderá mais uma vez subir a taxa de juro para conter o mais temido fantasma da economia.

Na última terça-feira (6), o ministro Guido Mantega, da Fazenda, afirmou que o governo tem um arsenal de medidas para estimular a economia e conter a desvalorização do dólar, mas até agora as ações oficiais têm produzido resultados desanimadores. Forçar a valorização do dólar ajuda as exportações brasileiras e privilegia a indústria nacional, mas no contraponto tal medida pode ser um tiro no pé, pois a baixa cotação da moeda norte-americana tem sido utilizada para administrar a inflação.

Quando Luiz Inácio da Silva, prevendo o fiasco que seria sua gestão, começou a falar em “herança maldita”, os incautos acreditaram ser o Partido dos Trabalhadores uma congregação de descendentes de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada. Acontece que nove entre dez economistas minimamente experiente concordam com a estratégia de conduzir a economia de um país com base no tripé que reúne ações voltadas à inflação, câmbio e taxas de juro.

Essa epopeia encenada pelos economistas oficiais produz uma conta que não fecha, mas deve funcionar como propulsor das candidaturas petistas nas eleições municipais deste ano. Quando essa bolha de inverdades estourar, muitos companheiros já terão vencido as eleições. E resolver o problema, muito maior dentro de alguns meses, será outra questão.