Roendo a corda – A proposta do governo brasileiro de criação de cotas para a importação de carros do México é um desrespeito ao acordo firmado entre os dois países. Quando o então presidente Luiz Inácio da Silva, no final de 2008, decidiu desonerar a indústria automobilística, como forma de minimizar os efeitos da crise financeira internacional, ao mesmo tempo em que incentivou o crédito fácil, o governo fez com que as montadoras focassem o mercado e emergente e investissem ainda mais na produção de veículos populares.
A estratégia das montadoras para suas unidades brasileiras, de fazer do País um fornecedor mundial de modelos populares, tornou-se ainda mais evidente com a chegada de 39 milhões de consumidores à chamada classe média, algo que se deu através do endividamento irresponsável, não pelo aumento do poder efetivo de compra.
Ao mesmo tempo em que esses novos consumidores migravam de classe social, outros renovavam seus parâmetros de compra. Entre os bens de consumo mais procurados estão os carros médios de luxo – ou quase isso – algo que as montadoras nacionais não tinham interesse até então. No contraponto, o México se especializou em fabricar e exportar sedãs médios luxuosos, tendo feito de uma parceria com o Brasil um dos seus escoadouros.
Na tentativa de frear a importação desses modelos de veículos, o governo da presidente Dilma Rousseff vem criando dificuldades seguidas. Em alguns casos, montadoras têm optado por abrir unidades em território nacional como forma de driblar as imposições oficiais.
Essa manobra de estabelecer uma cota de importação, de US$ 1,4 bilhão para os próximos três anos, para veículos produzidos no México é uma prova concreta do acelerado grau de desinteresse do segmento em investir em tecnologia automotiva, algo que os modelos mexicanos exibem de sobra. Em vigor desde 2022, o acordo isenta veículos da taxa de importação de até 35%, cobrada sobre carros de fora do México e do Mercosul.