Doação de Khaddafi em 2007 compromete plano de reeleição de Nicolas Sarkozy

Dinheiro problemático – Nicolas Sarkozy lidera a corrida rumo ao Palácio do Eliseu, segundo pesquisa que lhe dá vantagem contra François Hollande no primeiro turno, mas o presidente francês tem contra sua candidatura à reeleição pelo menos dois assuntos espinhosos. O primeiro deles, de caráter regional, repousa sobre a participação da França do resgate da economia da União Europeia, operação que, ao lado da Alemanha, exigirá dos franceses sacrifícios extras.

O segundo problema, que remonta à campanha eleitoral de 2007 que lhe deu o direito de ocupar o Eliseu a partir de 16 de maio daquele ano. Quando a Franca decidiu participar dos ataques à Líbia, por ocasião dos capítulos que antecederam a derrubada de Muammar Khaddafi, o filho do ditador, Saif al Islam, ameaçou Sarkozy, a quem chamou de palhaço, de revelar as doações feitas por seu pai à campanha eleitoral do então candidato francês.

Por ocasião da ameaça, a assessoria do Palácio do Eliseu se apressou em negar qualquer vínculo de Nicolas Sakozy com o líbio Muammar Khaddafi. Contrariando as declarações oficiais, os resultados de investigações divulgados nesta semana comprovam que Khaddafi doou 50 milhões de euros à campanha de Sarkozy.

Enquanto Nicolas Sarkozy liderava o movimento contra o regime absolutista e sanguinário de Khaddafi, o filho do ditador bradava que o presidente francês deveria “devolver o dinheiro que recebeu para financiar a campanha”.

A doação não aconteceu diretamente, mas por meio de um contrato em que a França vendeu ao regime de Muammar Gaddafi um sistema de espionagem pela internet, de acordo com documentos publicados nesta terça-feira (13) pelo jornal francês “Libération”.

Sarkozy desqualificou na segunda-feira (12) a tese de que comissões relativas ao negócio da companhia francesa Amesys com a Líbia acabaram nas contas de sua campanha de 2007, depois documentos sobre a operação foram divulgados pelo site “Médiapart”. Mesmo com máquina federal a serviço de sua campanha e liderando as pesquisas, Nicolas Sarkozy deve enfrentar dificuldades nos próximos dias.

Confira abaixo entrevista em que o filho de Khaddafi, Saif al Islam, ameaça Nicolas Sarkozy