Saída de Teixeira deixa a CBF à beira de rebelião, mas ex-presidente foi hábil ao administrar a podridão do bastidor

Rei morto, rei posto – Ricardo Terra Teixeira deixou o comando da CBF depois de 23 anos de reinado na entidade máxima do futebol brasileiro. Tão logo foi lida sua carta de renúncia, o Brasil comemorou o fato. Do Oiapoque ao Chuí surgiram enxurradas de comentários sobre Teixeira. Em seu lugar assumiu o vice-presidente mais idoso, José Maria Marin, de acordo com o estatuto da CBF. E por causa disso não há o que reclamar, pois está sendo cumprido o que foi combinado e devidamente escrito.

O ucho.info não tem procuração para defender Ricardo Teixeira. Mesmo que tivesse não o faria, pois nossa missão no jornalismo é oposta, mas sempre prezamos pela coerência e justeza. Teixeira jamais foi candidato a santo e por isso deixou a CBF debaixo de uma enxurrada de acusações, muitas delas disparadas a partir da sede da FIFA, na Suíça. Mas é preciso admitir que Teixeira esbanjou competência durante todos esses anos ao administrar a podridão que impera nos bastidores do futebol nacional e que agora vem à tona coma chegada de Marin à presidência da CBF.

Ex-governador de São Paulo e ex-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marin chegou à vice-presidência da CBF por indicação de Marco Polo del Nero, dirigente máximo da FPF. Na interinidade da presidência desde a semana passada, quando Teixeira pediu licença médica, Marin disse que sua efetivação no cargo atende ao que determina o estatuto e representa a continuidade do trabalho feito até agora.

Pois bem, se José Maria Marin dará continuidade ao trabalho de Ricardo Teixeira, não há razão para os dirigentes das federações estaduais pensarem em rebelião, pois eles mesmos endossaram há dias a permanência no cargo do agora ex-presidente da CBF. Há quem diga que o momento é de renovação e por isso os carolas do futebol devem pressionar para que a CBF realize nova eleição. Acontece que não existe no cenário nacional qualquer candidato ao cargo sem vinculação com algum clube do País. Sem contar que aquele que eventualmente chegar ao posto máximo da CBF terá feito algum acordo obscuro no bastidor, pois a queda de braço é intensa desde o anúncio da renúncia de Teixeira.

Para que o Brasil não avance ainda mais na direção do golpe, algo que o Palácio do Planalto vem fazendo de forma contínua e silenciosa nos últimos nove anos, que José Maria Marin permaneça como presidente da CBF e cumpra os compromissos relacionados à Copa do Mundo de 2014.