Sentando a pua – Decidida a impor seu estilo de governar, como se política fosse via de mão única, a presidente Dilma Rousseff parece desconhecer os meandros do Congresso Nacional, onde o fisiologismo é a fonte de alimentação de um grupo reduzido de parlamentares que reina absoluto. Tal modelo de condução política não é correto, mas governar é a arte de unir os opostos.
Longe dessa teoria, Dilma, depois de substituir os líderes do governo, agora quer fazer do ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, o próximo presidente do Senado Federal, atualmente sob o comando de José Sarney. A iniciativa da presidente tem como objetivo esvaziar o poder do PMDB que está concentrado nas mãos de Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá.
Acontece que Edison Lobão (PMDB), senador licenciado, é do grupo político de José Sarney no Maranhão. E dificilmente criará uma situação de constrangimento ao chefe do clã que há cinquenta anos governa o mais pobre estado brasileiro com mão de ferro.
A reação do PMDB à ejeção de Romero Jucá da liderança do governo já começou. Líder do PMDB, o senador Renan Calheiros anunciou que o partido deve indicar Jucá como relator do Orçamento da União, o que pode ser considerado como um recado ao Palácio do Planalto.
Não se deve desconsiderar o fato de que Lula da Silva mantém boas relações com José Sarney, a quem deve a sua permanência no cargo de presidente por ocasião da CPI dos Correios. Lula, como se sabe, enfrenta problemas de saúde, mas não está fora de combate. Se insistir em retaliar parte da base aliada, Dilma está fadada a se aproximar da ingovernabilidade.