Sem saída – O primeiro êxodo em massa relacionado às mudanças climáticas está acontecendo no pequeno país de Quiribati, um grupo de ilhas localizados no Oceano Pacífico. O arquipélago consiste de 32 atóis e seus governantes planejam mover toda a população para as Ilhas Fiji, para fugir do aumento dos oceanos.
“Este é o último recurso, não há como sair dessa. Nosso povo terá que se mover quando as marés chegarem às nossas casas e aldeias. Nós não queremos cem mil pessoas de Quiribati indo para Fiji de uma só vez. Eles precisam encontrar um emprego, não como refugiados, mas como imigrantes com qualificações para oferecer, como pessoas que têm um lugar na comunidade, pessoas que não serão vistas como cidadãos de segunda classe. Precisamos que a comunidade internacional apresente um pacote de financiamento urgente para lidar com essa nossa ambição, e a necessidade de países como Quiribati”, disse o presidente Anote Tong.
Atualmente, o Quiribati está comprando cinco mil hectares de terra na ilha de Vanau Levu, a segunda maior de Fiji. A situação é grave porque em 1999, três dos atóis desabitados pela nação foram parar debaixo d’água. Se o nível do mar continuar a subir a níveis projetados, estima-se que até 2100, toda a nação esteja submersa.
Dezenas de pessoas já abandonaram a ilha, tornando-se refugiados climáticos. Muitos dos afetados vivem em um acampamento provisório montado na capital. A subida das águas não é a única ameaça à Quiribati. Segundo o site britânico Triple Pundit, também se registra uma crescente salinização dos aquíferos (as reservas de água doce). A água salgada contaminou os poços, o que quer dizer que não há água suficiente para os habitantes, para os animais e para as plantações; a população sobrevive cada vez mais de uma dieta de arroz e enlatados.
Incidentes como esses chamam a atenção sobre a ameaça real das alterações climáticas e elevação dos mares. No início do ano, o ex-presidente das Maldivas, Mohammed Nasheed, disse que estava considerando a possibilidade real de mover toda a nação para Austrália.
O jornal Sydney Morning Herald relatou que: “O país criou um fundo de riqueza soberana, elaborada a partir de sua receita turística, a ser usado para comprar terras no exterior e financiar a deslocação da população do país, de 350 mil habitantes”.
Existem vários tipos de refugiados climáticos. Por exemplo, a comunidade de Caterat, que habitava uma ilha em Papua Nova Guiné, foi a primeira comunidade do mundo inteiro a ser deslocada pelas alterações climáticas. A ilha está prevista para ser completamente submersa até 2015. Toda a comunidade é composta por duas mil pessoas, mas sua jornada final representa uma perda de seu lar e estilo de vida.
Além das nações que vivem em ilhas, áreas de importância ecológica, como a floresta de mangue de Sundarbans, uma das maiores florestas desse tipo do mundo, também estão ameaçadas pelas mudanças climáticas. A região é formada no delta dos rios Ganges, na Índia, e além de abrigar muitos moradores, é um dos habitats importantes do tigre de Bengala. (Da redação do CicloVivo)