Atuando na coxia – As sessões de fonoaudiologia a que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva vem se submetendo começam a dar os primeiros resultados, para a sorte do Partido dos Trabalhadores. Enquanto abusava do seu estado de saúde para manter-se na vitrine política nacional, Lula, nos bastidores, dedicou os últimos dias para ao menos controlar temporariamente a crise que tem enfrentado a companheira Dilma Vana Rousseff, sua sucessora no Palácio do Planalto.
A repentina calmaria que tomou conta da rebelde base aliada foi obra de Lula, que conversou com alguns líderes partidários no Congresso Nacional. O alvo principal da incursão do ex-metalúrgico foi o PMDB, mais precisamente o bloco comandado pelos senadores José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR) e pelo deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Imaginar que a aprovação da Lei Geral da Copa resultou de uma lufada de bom senso que soprou sobre os rebelados é no mínimo irresponsabilidade. De igual modo aconteceu no Senado Federal, onde o governo conseguiu aprovar a criação do Funpresp. Mesmo que o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, negue a existência do “toma lá, dá cá”, o escambo com o Palácio do Planalto é que garantiu a aprovação de ambas as matérias. Sem contar a promessa de colocar na pauta de votação de abril o Código Florestal Brasileiro.
Agora colhendo os dividendos do incêndio apagado, Lula tem nova e espinhosa missão pela frente. Convencer a senadora Marta Suplicy a embarcar na campanha de Fernando Haddad, candidato imposto pelo próprio Lula para disputar a prefeitura de São Paulo pelo PT. Pleitear o apoio da senadora à campanha de Haddad sem qualquer contrapartida é coisa de amador. Até porque a política é negócio. Marta tem projetos políticos e a primeira vice-presidência do Senado é pouco para a sua ambição. Ou seja, Lula terá de convencer a presidente Dilma Rousseff a abrir uma vaga na Esplanada dos Ministérios, pois do contrário Fernando Haddad terá de seguir o conselho de Marta: “gastar sola de sapato”.