Quase parando – Quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, disse que o Brasil precisava de um “chute no traseiro” para acelerar o ritmo das obras para a Copa do Mundo de 2014, autoridades do governo federal se inflamaram e partiram para o contra-ataque. Como sempre afirmou o ucho.info, Valcke errou na forma da crítica, mas acertou em cheio no conteúdo. O ministro Aldo Rebelo, do Esporte, um dos rebelados, exigiu da FIFA o imediato afastamento do secretário-geral das negociações com o governo brasileiro, mas o presidente da entidade, Joseph Blatter, ignorou a tentativa de ingerência do governo brasileiro.
A preocupação de Jérôme Valcke, duramente criticada pelos integrantes do governo da presidente Dilma Rousseff, agora é referendada por um dado que chega a assustar. A Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados informou nesta terça-feira (24) que apenas 5% dos mais de R$ 12 bilhões destinados para as obras de infraestrutura e transporte da Copa do Mundo de 2014 foram efetivamente utilizados. Em cinco cidades-sede, os projetos nem foram iniciados e em outras três a execução não chega a 1%. De acordo com o deputado Domingos Neto (PSB-CE), o atraso é grande se comparado com as obras dos estádios, que estão com “22% do total proposto executado”.
Na quarta-feira (26), a Comissão realizará uma audiência pública na Câmara com o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da União (TCU), para analisar os atrasos. “Isso é preocupante porque seria justamente na infraestrutura urbana que a Copa poderia deixar algum legado”, declarou o parlamentar.
De acordo com o levantamento feito pela CDU em Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Salvador e São Paulo os projetos de mobilidade urbana ainda não foram iniciados. Em Natal, Manaus e Curitiba nem 1% dos trabalhos foi executado. A comissão pretende cruzar os dados do levantamento com os resultados das auditorias realizadas pelo TCU. Outro dado apontado pela CDU mostra que das 34 obras previstas na primeira matriz, firmada em 2010, 79% tiveram os cronogramas atrasados, e 83% tiveram aumento dos valores previstos. (Com informações da Agência Câmara)